Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

O rato que conquistou o mundo: Autora celebra centenário da Disney e elenca diversos títulos para entender trajetória do estúdio

'Steamboat Willie', filme de estreia de Mickey Mouse | Foto: Divulgação

Faz tempo que o nonagenário Mickey Mouse dá alegria ao mundo, graças ao empenho de um visionário, Walt Disney (1901-1966), que fez do camundongo mais amado do planeta o ícone de uma usina de maravilhas em forma de filmes, séries de TV, parque temático e uma das mais procuradas plataformas digitais da streamingesfera.

Os bastidores da criação deste universo plural, de patos falantes, fadinhas serelepes e princesas empoderadas são dissecados nas 730 páginas de "100 Anos do Império de Disney - Da Avenida Kingswell à Conquista do Universo", um tijolaço que se lê numa piscada d'olhos.

O livro é fruto de uma ardorosa pesquisa feita pela crítica de cinema carioca Ana Carolina Garcia, que aborda a saga do estúdio fundado por tio Walt e seu irmão Roy. Já é possível comprar essa pérola literária via Amazon. Colunista do portal SRZD, Ana Carolina tem um currículo impecável na produção de livros sobre a arte de narrar histórias com imagens em movimento. Nos últimos anos, presentou a cinefilia brasileira com joias como "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood Se Tornou A Capital Mundial Do Cinema" (2011) e "Cinema no Século XXI - Modelo Tradicional na Era do Streaming" (2021).

Sua nova incursão pelas veredas da literatura ensaística investigativa conta com uma capa cheia de bossa desenhada por Elias Carneiro. Este que vos tecla assina o prefácio.

A pedido do Correio da Manhã, a jornalista e escritora preparou uma lista de cinco títulos que servem de porta de entrada para a magia do mundo Disney. Confira a seguir as reflexões de Ana Carolina sobre grandes sucessos com a grife que ajudou a alfabetizar "audiovisualmente" cada um de nós.

"O Vapor Willie" (Steamboat Willie - 1928, EUA), de Ub Iwerks e Walt Disney:

Responsável por salvar a Disney após a perda de Oswald o Coelho Sortudo, o curta revolucionou o Cinema de Animação ao aprimorar a técnica e se tornar o primeiro título animado com som e imagem sincronizados. Além disso, apresentou ao público o então ratinho debochado, Mickey, e sua namorada, Minnie.

"Branca de Neve e os Sete Anões" (Snow White and the Seven Dwarfs - 1937, EUA), de William Cottrell, David Hand e Wilfred Jackson:

Considerado por muitos a loucura que levaria a Disney ao fracasso, o primeiro longa animado do estúdio surpreendeu tanto pelo rebuscamento técnico e estético quanto pela trama dramática, baseada no conto dos irmãos Grimm, que encantou plateias de todas as idades. Neste ponto, destaco o emprego esmerado da animação de personalidade, criada e dominada pelos artistas e animadores da Casa do Mickey.

"Mary Poppins" (Mary Poppins - 1964, EUA), de Robert Stevenson:

Há tempos sonhando com o respeito em filmes de ação ao vivo, Walt Disney se empenhou para adaptar o livro de P.L. Travers, driblando os inúmeros obstáculos impostos pela autora que não simpatizava com o Mundo Mágico de Disney. Híbrido de animação e live-action, o longa conquistou público e crítica na mesma intensidade, tornou Julie Andrews a primeira atriz a vencer o Oscar por uma produção Disney e foi o último a contar com participação integral de Walt, que morreu dois anos depois do lançamento - Ganhou uma sequência estrelada por Emily Blunt, "O Retorno de Mary Poppins" (Mary Poppins Returns - 2018, EUA), de Rob Marshall.

"A Bela e a Fera" (Beauty and the Beast - 1991, EUA), de Kirk Wise e Gary Trousdale:

Primeira animação indicada ao Oscar de melhor filme, o longa representa o auge da segunda Era de Ouro da animação Disney e em muito remete aos clássicos no que tange ao rebuscamento estético e ao cuidado com a história, explorando a animação de personalidade e o conceito de ilusão da vida com esmero. Mas outro fator chama a atenção, a metáfora para o mundo real, principalmente para a epidemia de HIV, que vitimou Howard Ashman, um dos compositores responsáveis pela trilha sonora desse longa baseado no conto de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve, no início dos anos 1990. Isso pode ser observado na sequência em que os habitantes do vilarejo seguem para o castelo encantado para matar a Fera - Ganhou remake homônimo, híbrido de animação e live-action, em 2017, dirigido por Bill Condon.

"Divertida Mente" (Inside Out - 2015, EUA), de Pete Docter, codirigido por Ronnie Del Carmen:

Utilizando os sete anões como referência, bem como a filha de Docter, o longa é um dos mais desafiadores da história da Disney e da Pixar, pois exigiu muita criatividade de sua equipe para que as emoções humanas pudessem ter personalidades próprias e estabelecer diálogo com crianças e adultos. Ovacionado em Cannes e vencedor do Oscar de melhor animação, o filme chama a atenção pela estética primorosa e pelas soluções narrativas, sendo um dos mais importantes do Cinema de Animação contemporâneo, mas mantendo a essência do Mundo Mágico de Walt Disney.

 

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