Prestes a completar 70 anos, Godzilla esmaga a concorrência nos cinemas
Rei dos Monstros lota salas mundo afora com 'Minus One', mobilizando multidões no circuito brasileiro
Celacanto que provoca maremoto (e destrói prédios), Godzilla vai completar 70 anos em 2024. Sua primeira passagem pelas telas aconteceu em 1954, numa produção dirigida por Ishirô Honda (1911-1993), cineasta responsável pela criação do rei das bestas colossais ao lado de Tomoyuki Tanaka e Eiji Tsuburaya. Mas o aniversário da criatura acabou por ser antecipado pelo êxito comercial planeta adentro do novo longa-metragem desse colosso escamoso, já em cartaz no país. "Minus One" é o nome da aventura fantástica de tom melodramático, que chega por aqui graças ao empenho da Sato Company. Trata-se de uma das pipocas mais quentinhas do ano na telona neste fim de ano e antecipa a chegada do esperado "Godzilla e Kong: O Novo Império", de Adam Wingard, uma versão hollywoodiana do leviatã nipônico, que será lançada em abril.
Soa curioso o regresso de Godzilla ao circuito brasileiro no momento em que o cinema japonês anda bem representado no país por um filme chamado "Monster", um drama de (re)educação sentimental dirigido por Hirokazu Koreeda, laureado com o prêmio de Melhor Roteiro no 76º Festival de Cannes. O réptil pré-histórico gigante, que ganha proporções GG e uma série de poderes atômicos, numa ressaca dos testes nucleares da II Guerra Mundial, traz aos cinemas do Brasil uma perspectiva diferente (leia-se pop) da produção audiovisual japonesa. Desde sua estreia por aqui, na quinta, o 37º longa-metragem sobre o bichão cospe-raios anda lotando os complexos exibidores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Lá fora, o sucesso se confirma: orçado em US$ 15 milhões, "Godzilla Minus One" já contabiliza cerca de US$ 64 milhões na bilheteria.
A direção é de Takashi Yamazaki, que filmou na região insular de Konshu, de março a junho de 2022. O realizador deu à trama um timbre de folhetim, sem descuidar das sequências de ação e de quebra-quebra por um Japão assombrado pela explosão de bombas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
É nessa época que as ações do longa se passam, tendo como foco as ações do piloto kamikaze Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki) que aterra na ilha de Odo, em meio a um combate aéreo. O mecânico de aeronaves Tachibana (Munetaka Aoki) insinua que Shikishima fugiu do seu dever, por covardia. Em meio a essa acusação, uma criatura parecida com um dinossauro, Godzilla, ataca. Shikishima entra no seu avião, mas não consegue disparar contra o monstro e fica inconsciente. Ao acordar, descobre que Tachibana é o único sobrevivente, que culpa Shikishima por não ter agido. Vai começar aí uma cruzada de combate contra Godzilla, que transborda adrenalina. A direção de arte do longa deslumbra plateias com seu padrão vintage.
Indicado ao Critics Choice Awards, "Godzilla Minus One" tem figurado nas listas dos melhores filmes do ano de várias associações de imprensa americana. Nos EUA, um outro título sobre o Japão dos tempos da Segunda Guerra infla as receitas de exibidores: "The Boy and the Heron" ("O Rapaz e a Garça"), animação de Hayao Miyazaki. Aos 82 anos, o aclamado animador recebeu uma indicação para concorrer ao Globo de Ouro de Melhor Longa de Animação, na cerimônia agendada para o dia 7 de janeiro, pela Hollywood Foreign Pressa Association (HFPA) com seu novo exercício autoral. O endosso da associação de correspondentes estrangeiros de Los Angeles chegou na esteira do estrondoso sucesso de bilheteria de seu desenho animado, cuja arrecadação arranha a marca de US$ 120 milhões. Por aqui, a produção, que abriu o Festival de San Sebastián, na Espanha, segue inédita.