Diego Freitas: 'É muito bom acordar e saber que seu filme está disponível em 190 países'

Poucas comédias nacionais lançadas da pandemia para cá foram mais afetivas (e visualmente potentes) do que "Tire 5 Cartas", um dos filmes que atestam o naipe de talentos do realizador Diego Freitas na construção de dramaturgias antenadas com diferentes cartilhas de gênero e preocupadas em solidificar personagens capazes de nos fascinar. Hoje ele é o nome por trás de alguns dos maiores sucessos da Netflix Brasil dos últimos dois anos: "Depois do Universo" e "O Lado Bom de Ser Traída". Ambos quebraram recordes na plataforma de streaming. Tem ainda no currículo o eletrizante "O Segredo de Davi", lançado em 2018, com Nicolas Prattes.

Freitas assina a direção e o roteiro de "Depois do Universo", que conta com Giulia Be e Henry Zaga no elenco e alcançou 51 milhões de horas assistidas nos primeiros 28 dias. Ficou Top 10 do Brasil na Netflix por cinco semanas. Chegou ainda ao Top 10 Mundo da plataforma, em 47 países. Recentemente, "O Lado Bom de Ser Traída", thriller erótico com Giovanna Lancelotti e Leandro Lima, foi o longa de língua não inglesa mais assistido daquele streaming no mundo em sua semana de estreia, com 14,7 milhões de visualizações e 24,3 milhões de horas assistidas. Ficou no Top 10 em 87 países, sendo 28 deles em primeiro lugar, como foi verificado na França, na Itália e em Portugal.

Formado em Rádio e TV pela Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM), com bolsa pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), Diego tem o objetivo de fazer filmes para capazes de dialogar com o grande público, comovendo as mais variadas plateias. Aos 33 anos, o diretor nasceu em Mairiporã, no interior de São Paulo, e foi para a capital do estado para investir na carreira de cineasta. Ele trabalha com curtas-metragens desde os 13 anos. Aos 16, venceu o concurso de curtas realizado pela Petrobras em parceria com o site de entretenimento Omelete. Com o suspense "Sal" (2016), ele foi selecionado para o Festival de Gramado e correu outros festivais ao redor do mundo.

No papo a seguir, ele dimensiona suas ambições estéticas.

Qual é a linha narrativa que costura uma aposta tão plural de gêneros e universos como você vem fazendo, de "Tire 5 Cartas" a "O Segredo de Davi"? Impressiona muito a sua aposta em investir em personagens. Que personagens mais te interessam? Como torná-los maiores do que as narrativas às quais eles se ligam?

Diego Freitas: Sou um criador consciente das minhas origens e das experiências que tive ao longo da vida. Posso dizer que não tenho uma linha narrativa única para todas as histórias que eu crio, mas, a minha busca é por autenticidade. Acredito que isso faz com que outras pessoas se conectem também. O meu maior desafio é criar personagens que tenham profundidade, motivações claras e uma jornada que emocione, independentemente do gênero ou universo em que estão inseridos.

Que espaço de criação as narrativas de streaming hoje representam? Que demandas as plataformas impõem a um criador? Que rotas elas oferecem à criação?

O streaming representa uma oportunidade significativa para diretores e roteiristas, oferecendo um terreno fértil para uma variedade de formatos e gêneros. Esse mercado tem experimentado um crescimento exponencial nos últimos anos, O que é maravilhoso! Pelo menos no Brasil, poucos anos atrás, nós tínhamos um leque muito estreito de como financiar um projeto. Hoje temos diversos caminhos. Sem falar na distribuição, que sempre foi um desafio. É muito bom acordar e saber que seu filme está disponível em 190 países! As demandas de um player sempre levam em consideração a qualidade técnica, originalidade, diversidade. Espera-se que o produto atenda às expectativas do público e se destaque no cenário audiovisual. Competimos com títulos de todo o mundo e isso é muito motivador.

Que novas empreitadas te esperam?

Estou animado com as oportunidades que estão surgindo. A paixão pelo cinema é o que tem me guiado até aqui e estou determinado a criar histórias que ressoem no público e me desafiem artisticamente. Atualmente estou no desenvolvimento de dois projetos, um para o público jovem adulto e o outro, um projeto mais autoral. Eu quero continuar mantendo minha presença em diferentes gêneros. Já fiz suspense, drama, comédia, e quero continuar experimentando com estilos que me desafiem. Minha jornada está apenas começando e tem muita surpresa por aí.