Filme 'Ninguém Sai Vivo' leva às telas a brutalidade do sistema manicomial retratada no best-seller 'Holocausto Brasileiro'

A base do filme é a literatura: as páginas de "Holocausto Brasileiro", romance-reportagem best-seller de Daniela Arbex, ganham vida na tela, em preto e branco.

Por Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Viviane Monteiro, Arlindo Lopes e Fernanda Marques em cena do filme 'Ninguém Sai Vivo Daqui', de André Ristum

Aposta de bons augúrios para o cinema autoral brasileiro seguir discutindo temas urgentes em 2024, "Ninguém Sai Vivo Daqui" surpreendeu o público de Tallinn, na Estônia, durante o Black Nights Film Festival, em novembro, assim como chocou plateias no Festival de Brasília, no início deste mês, ao retratar um histórico de crimes no ambiente da Saúde.

Realizador de "Meu País" (2011), André Ristum renova suas ferramentas narrativas e confirma sua grife como diretor autor ao abordar o genocídio que ocorreu no maior hospício do país, o Centro Psiquiátrico Hospitalar de Barbacena, em Minas Gerais, de 1903 até meados dos anos 1980. A base do filme é a literatura: as páginas de "Holocausto Brasileiro", romance-reportagem best-seller de Daniela Arbex, ganham vida na tela, em preto e branco.

"Inspirado pelo cinema que me formou, como o de Bertolucci, tento criar uma estética em função do que narro para retratar o nível de desumanidade absurdo que se abateu naquele universo retratado por Daniela, em seu livro, e entender a situação de pessoas que não tinham direito a uma comunicabilidade com o mundo exterior", explica Ristum, que já havia abordado a situação dos internos de Barbacena na série "Colônia", hoje na grade do Globoplay. "Tento atravessar um espaço em que pessoas entravam sãs, sob alegação de loucura, e saíam de lá doentes".