Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

O mar tá pra 'Patos'

Patos | Foto: Divulgação

Com pré-estreias inchadas de gente - sobretudo crianças - no feriadão do réveillon, "Patos" ("Migration") é um hilariante ensaio dos estúdios franceses (hoje importado por Hollywood) Illumination sobre a vida em família, com direção de Benjamin Renner e Guylo Homsy e a bem-humorada performance de Kumail Nanjiani e Elizabeth Banks nas vozes centrais. Aqui, Sérgio Stern e Priscila Amorim assume a dublagem dos personagens, angariando fãs para a história de uma família de patinhos que decide imigrar para a Jamaica, arriscando-se entre cozinheiros de mau coração e o trânsito da cidade grande. A grife por trás do longa fintou a hegemonia da Disney/Pixar e da DreamWorks (de "Shrek") com as franquias irmãs "Meu Malvado Favorito" e "Minions". O êxito dessa produção dá brecha para uma leva de potenciais campeões animados de arrecadação, inclusive brasileiros. Confira quem vem animar o ano:

BIZARROS PEIXES DAS FOSSAS ABISSAIS, de Marão (Brasil): Walt Disney de Nilópolis, tratado com reverência por seu empenho para aglutinar cineastas do mundo todo que invistam na arte de animar, o diretor de "Até a China" (2015) lança em janeiro seu primeiro longa-metragem. Nele, Natália Lage empresta a voz para uma super-heroína cuja região glútea se transforma num símio gigante. Ela luta contra o Mal com o apoio de uma tartaruga que não para de xingar e de uma nuvem com incontinência pluviométrica.

ROBOT DREAMS, de Pablo Berger (Espanha): Ímã de lágrimas em Cannes, esta animação do realizador de "Blancanieves" se encontra nas estações do ano em que o cão de vida vazia inspirado em Hoffman quebra sua inércia emocional depois de comprar um robô (dotado de inteligência artificial) para ser seu companheiro de dia a dia. A trilha sonora, com direito a "September", do Earth Wind & Fire embala a construção do relacionamento deles.

PASHMINA, de Gurinder Chadha (Reino Unido): Nascida no Quênia, a cineasta inglesa de origem indiana, conhecida por sucessos como "A Música da Minha Vida" (2019) aposta no lirismo para narrar o périplo de uma adolescente pra descobrir sua ancestralidade a partir de um cachecol. Sua narrativa é baseada em HQ homônima de Nidhi Chanani.

A ARCA DE NOÉ, de Sergio Machado (Brasil): Produzido por Walter Salles e pelos irmãos Caio e Fabiano Gullane, o novo trabalho do realizador de "Cidade Baixa" (2005) resgata, como longa de animação, os sonetos de Vinícius de Moares, outrora transformados em espetáculo musical, agora na forma de aventura. Nela, um trio de ratos (com as vozes de Alice Braga, Rodrigo Santoro e do já citado Noé) lutam para escapar do dilúvio.

THE ISLAND, de Anca Damian (Romênia): Exibido e aplaudido no Festival de Roterdã, na Holanda, em janeiro, o novo longa da diretora de "A Fantástica Viagem de Marona" (2019) faz troça com o colonialismo da narrativa do romance "Robinson Crusoé" (1719), escrito por Daniel Defoe (1660 - 1731) numa estrutura de hiper super colorida de musical. Psicodélico, o longa mostra Crusoé como um médico, que vive agarrado a seu iPad. Ao chegar numa ilha, ele trama amizade com Sexta-Feira, um refugiado - o único que sobreviveu depois de seu barco ter virado no Mar Mediterrâneo.

DORAEMON: NOBITA'S EARTH SYMPHONY, de Kazuaki Imai (Japão): Lá se vão 21 anos desde que "A Viagem de Chihiro" deu a Hayao Miyazaki o Urso, consagrando a animação nipônica. Agora, o segmento mais rentável da indústria audiovisual asiática pode voltar ao festival com a saga do gato robótico, chamado Doraemon, que voltou dois séculos no passado para ajudar um estudante desastrado, o guri Nobita Nobi, a se socializar. No novo filme derivado das HQs de do Fujiko F. Fujio, Nobi trava novas amizades numa seara de perigos.

GILGAMESH, de Tomas Lipgot (Argentina): Uma releitura em 3D do mito sumeriano, com foco na luta de um rei da Mesopotâmia para encontrar a imortalidade, cercado de inimigos por onde passa. Promete ser um divisor de águas na animação da América do Sul.

 

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