Um dos motivos que cacifam "Turma da Mônica Jovem: Reflexo do Medo" como um candidato a blockbuster, nesta atual fase de bonança do cinema brasileiro (via "Minha Irmã e Eu" e "Mamonas Assassinas: O Filme"), é a presença de Patrícia Chamon como produtora executiva dessa incursão ao universo da Maurício de Sousa Produções. Ela assina o cargo com Denise Machado.
A evocação respeitosa que seu nome hoje recebe do audiovisual se deve ao bom resultado que alcançou em 2023, em fase de atolamento para a carreira comercial de longas-metragens nacionais. No primeiro semestre, ela reinou soberana como a maior bilheteria do país, à força de "Desapega", dirigido por Hsu Chien Hsin. Na sequência, mobilizou a mídia com "O Porteiro", que não bombou na venda de ingressos, mas fez disparar o prestígio de Alexandre Lino.
Colegas de set, elogiam a forma firme e fina com que ela produz. "Filmamos 'Desapega' em plena pandemia, e a produtora Patrícia Chamon foi fundamental para dar conforto e energia positiva para a equipe e elenco no set, num momento de nossas vidas que foi bem difícil", diz Hsu. "Devo muito ao profissionalismo e à paixão de Patrícia pelo audiovisual, que trouxe uma produção muito diferenciada", reforça.
Em junho, Patrícia ainda integrou o júri do Festival de Vassouras, ampliando seus saberes. Parte delas ela compartilha com a gente no papo a seguir.
Que lugar a Turma da Mônica ocupa no imaginário brasileiro e qual é o desafio de representar os personagens em fase de adolescência?
Patrícia Chamon: A Turma da Mônica faz parte da vida do povo brasileiro e esse lugar é um desafio dos bons, porque somos ao mesmo tempo fãs encantados deste universo e somos profissionais buscando dar o melhor para o nosso ídolo (referência a Maurício de Sousa), que nos acompanha desde a infância. Entrar no universo de Maurício de Sousa é mágico. Representar essa fase adolescente foi o menos difícil, pois falamos de amizade, de amor, de união e do quão importante é preservar esses laços, por vezes, adormecidos.
Como se produz um filme baseado em HQs nestes tempos de Marvel e DC e de que forma se deu o trabalho com Maurício se Sousa?
Foram sete anos de desenvolvimento, iniciados pela produtora Denise Machado, para conhecimento e intimidade com o Universo Mauricio de Souza. Precisamos mergulhar e conhecer cada detalhe dos personagens. Com a MSP, o trabalho foi incrível, eles foram sempre generosos e dedicados para este filme, que inicia uma quadrilogia. É importante destacar a emoção que vivemos em cada dia desse processo. Na pré-estreia, ver a carinha dos fãs no cinema deixou o coração quentinho
O sucesso de "Desapega" catapultou seu nome para os holofotes. Como você avalia a atual realidade do mercado de cinema no Brasil?
"Desapega" foi e será sempre um xodó no meu coração. A generosidade de talentos como Glória Pires, Hsu Chien e toda uma equipe, neste filme feito em plena pandemia, fazem crer que o cinema será eterno.
Qual é a importância da Imagem como sua parceira de criação?
A Imagem é minha parceira dessa e de muitas produções, por acreditar na produção independente, fomentar o filme nacional e entender que cinema gera empregos, entretenimento e cultura.
Quais são seus próximos projetos?
Este ano temos "Resta Um", de Fernando Ceylao; "Por Um Fio", adaptação do livro homônimo de Drauzio Varela; "Rei da Feira", uma comedia para toda família com Leandro Hassum e grande elenco; o remake de "Cartas para Deus", o "Turma da Mônica Jovem 2"; e "Authentic Games", uma animação para a Disney.
