Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Scorsese, o eleito da crítica

Uma grita se deu na web com a notícia de que Hélio Ribeiro não foi chamado para dublar Robert De Niro | Foto: Divulgação

Pouco antes de uma exibição de "Os Infiltrados" ("The Departed", Oscar de Melhor Filme de 2007) no Berlinale Palast, na capital da Alemanha, agendada para 20 de fevereiro, Martin Scorsese receberá o Urso de Ouro Honorário de 2024 celebrando quase seis décadas de sua dedicação ao audiovisual. Vai ganhar uma retrospectiva de sua obra no Festival de Berlim (marcado de 15 a 25 de fevereiro), com direito a uma cópia restaurada do cult "Depois de Horas" (1985).

Essa honraria tem tudo para ser acompanhada de uma série de indicações ao Oscar para seu longa-metragem mais recente, "Assassinos da Lua das Flores", disponível na grade da Apple TV.

Na manhã desta terça, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anuncia os indicados à sua cerimônia anual, que, este ano, tem data agendada para 10 de março, do Dolby Theatre, em Los Angeles. No dia 7 deste mês, a produção rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama ao esplendoroso desempenho de Lily Rose Mary Gladstone - descendente dos indígenas Nimíipuu e Pikunis. No Brasil, a produção orçada em cerca de US$ 200 milhões acaba de ganhar um mimo de uma turma que respira (e transpira) estética 365 dias por ano: a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ).

Em sua enquete anual, o grupo, presidido por Ricardo Largman, elegeu o estudo de Scorsese sobre o racismo contra os povos originários dos EUA o número um de seus Dez Melhores do Ano - em referência ao que se viu em 2023.

Anualmente, a ACCRJ faz uma enquete, precedida por debates e reflexões, que aponta seus favoritos, oferecendo a todo o país faróis de apreciação do audiovisual. Nesta seleção, teve espaço para o pernambucano Kleber Mendonça Filho e seu "Retratos Fantasmas", além de um realce para o ganhador da Palma de Ouro de 2022, "Triângulo da Tristeza".

"Numa seleção, neste ano, um pouco mais compacta — são majoritariamente produções de grandes estúdios —, a obra de Scorsese se destaca por levar ao espectador o seu estilo narrativo singular, sempre marcado por personagens fortes e complexos", explica Largman, que foi reeleito para um novo mandato na presidência da associação carioca, que tem Ana Carolina Garcia como vice-presidente; Ana Rodrigues como secretária-geral; e Mario Abbade como tesoureiro. "Do alto dos seus 81 anos, o cineasta reafirma sua capacidade inabalável de levar para as telas, com qualidade, técnica e emoção, histórias nada triviais que, muitas vezes, como aqui, resultam em merecidíssimas premiações. É o reconhecimento ao cinema, e a um de seus mais representativos artífices, em sua essência", acrescenta.

Homenagens póstumas

Pela importância artística e cinematográfica, a ACCRJ rende homenagens póstumas a quatro personalidades que nos deixaram no ano passado: a atriz Léa Garcia; o ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa; o compositor estadunidense Burt Bacharach; e o crítico de cinema francês Michel Ciment. A associação ainda costuma apontar, ano após ano, a Melhor Iniciativa Cinematográfica do país. Numa cartografia analítica do que se passou em 2023, essa honra foi conferida ao documentário "Nelson Pereira dos Santos - Vida de Cinema", de Aída Marques e Ivelise Ferreira.

O anúncio das preferências da ACCRJ coincide com o êxito mundial de bilheteria de "Assassinos da Lua das Flores", que faturou US$ 156 milhões. O mais recente longa do diretor é uma adaptação ousadíssima do livro de não-ficção "Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI", do jornalista estadunidense David Grann, um tratado histórico contra a intolerância. Dois musos da obra do diretor unem seus talentos em cena: Leonardo DiCaprio e Robert De Niro.

 

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