O documentário "Lista de Desejos para Superagüi", dirigido por Pedro Giongo, foi o grande vencedor da 27ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. A produção paranaense recebeu do júri oficial o prêmio de melhor filme da mostra Aurora, a mais relevante do festival mineiro.
O filme acompanha o difícil cotidiano de uma comunidade caiçara na ilha de Superagüi, situada no Paraná, próxima da divisa com São Paulo. Ao receber o prêmio, Giongo agradeceu a Martelo, pescador de 70 anos que não consegue se aposentar, e a outros moradores do lugar pela participação no documentário.
Ainda na mostra Aurora, o longa "Maçãs no Escuro", do paulista Tiago A. Neves, recebeu uma menção honrosa.
"Aquele que Viu o Abismo", uma produção paulista dirigida por Negro Léo e Gregorio Gananian, conquistou o troféu Carlos Reichenbach, concedido por um júri formado por estudantes ao melhor longa da mostra Olhos Livres.
Ainda entre os longas, "As Primeiras" (SP), de Adriana Yañez, levou o prêmio do júri popular. O documentário lembra as jogadoras da primeira seleção feminina de futebol do Brasil. "Que o futebol devolva a essas mulheres tudo o que elas deram ao futebol", disse Yañez no palco de Tiradentes.
O prêmio Helena Ignez, concedido a um destaque feminino em qualquer das funções na produção de um filme, foi entregue à indígena paulista Kerexu Martim, diretora do curta "Aguyjevete Araxi'I".
Entre os curtas, "Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho", do carioca Allan Ribeiro, saiu consagrado, com dois troféus, o do júri oficial e o do Canal Brasil. Engenhoso, o filme lembra o episódio em que o diretor interpretou um assistente de Coutinho numa cena de "Depois das Nove" (2008), do próprio Ribeiro. Curiosamente, a cena acabou sendo cortada do filme.
Balanço em números
Horas antes da premiação, Raquel Hallak, diretora do evento, fez um balanço desta edição da mostra de Tiradentes. De acordo com ela, o festival recebeu cerca de 37 mil pessoas ao longo de nove dias, de 19 a 27 de janeiro. Esse número contabiliza os espectadores de sessões de cinema em diversos espaços, inclusive a praça, além de debates, oficinas, shows, entre outras atividades. No ano passado, foram em torno de 35 mil pessoas.
Ainda segundo Hallak, mais de 250 empresas mineiras foram contratadas para prestar serviços ao festival. De acordo com a prefeitura de Tiradentes, cerca de R$ 10 milhões foram injetados na economia local.
Questionada sobre a grande procura por algumas sessões, quando dezenas de pessoas acabam frustradas por não conseguirem assistir a um filme ou a um debate, a diretora afirmou que Tiradentes precisa do que ela chamou de "palácio de festivais", com uma estrutura mais ampla para receber eventos. "São, pelo menos, 15 festivais ao longo do ano na cidade."