Ela esteve presente nos melhores anos de minha juventude, alimentou boa parte da trilha sonora da minha vida e forjou minha educação musical. Mas não foi apenas comigo. Primeira rádio brasileira dedicada exclusivamente ao rock and roll, a Fluminense FM falou a toda juventude brasileira num difícil período da vida do país que vivia os últimos anos da ditadura militar cercada de expectativas, ansiedade e sonhos.
Diretamente de Niterói, a rádio revoucionou costumes, influenciando a juventude no modo de vestir, dançar e se expressar. Apresentou a seu público a fina flor do rock internacional (afinal, aonde se poderia ouvir Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Lou Reed e Clash num mesmo lugar?), que não dava as caras nas rádios da época, com uma programação democrática (anárquica, talvez) e adotava o arrojado costume de não repetir uma música da programação no mesmo dia. Se constituiu na plataforma de lançamento de toda uma geração de jovens artistas que viriam oxigenar a música brasileira, como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana, Lobão, Titãs e Blitz, entre tantos outros.
A história da Fuminense FM, a Maldita, já foi contada por seu criador e primeiro diretor, o jornalista Luiz Antonio Mello, em seu livro "A Onda Maldita" (1992). Mas a trajetória dessa emissora movida a lendários riffs de guitarra é tão fascinante que não poderia deixar de virar filme.
Entra em cartaz nesta quinta-feira (25) "Aumenta que é Rock'n'Roll", longa protagonizado por Johnny Massaro, com direção de Tomás Portella, roteiro de L.G. Bayão e produção de Renata Almeida Magalhães.
O longa acompanha a saga de um grupo de jovens sonhadores liderados por Luiz Antonio (Massaro) e Samuca (George Sauma): produtores, repórteres e locutores que toparam ir contra o padrão monocórdico das emissoras da época e se desdobraram para manter no ar a primeira rádio brasileira dedicada exclusivamente ao rock e com um time exclusivo de locutoras e apresentadoras, uma ousadia para a época.
O filme passeia pelo contexto histórico da campanha das Diretas Já e pelos bastidores do icônico Rock in Rio de 1985, onde o destino de Luiz Antônio e de sua amada Alice (Marina Provenzzano) é selado.
Com toda sua simbologia de rebeldia e inconformismo, o rock and roll e sua estática entram na história como personagem de peso além de compor a nostálgica trilha sonora do longa de Portella com várias citações.
O elenco também conta com Orã Figueiredo, Silvio Guindane, Flora Diegues, Joana Castro, Clarice Sauma, Luana Valentim, Mag Pastori, Bella Camero, André Dale, Felipe Haiut, Saulo Arcoverde, João Vitor Silva, Cadu Favero e Charles Fricks.
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