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Agnès Jaoui: 'Liberdade é tudo'

| Foto: Rodrigo Fonseca

Xará da boneca mais famosa do mundo, Barbie, protagonista de "Ma Vie Ma Gueule", é uma mulher à beira de um ataque de solidão no longa-metragem que abriu as alas da Quinzena de Cineastas 2024 reafirmando o carisma de Agnès Jaoui. Aos 59 anos, a atriz e cineasta indicada ao Oscar por "O Gosto dos Outros" (2000) volta às telas de sua França natal estrelando uma trama centrada em desconexões afetivas do dia a dia. Ela já teve peças encenadas em terras cariocas e já foi laureada na Croisette no passado: seu "Questão de Imagem" (2004) ganhou o prêmio de melhor roteiro no evento. Na entrevista a seguir, ela fala ao Correio da Manhã sobre os atuais projetos que tem com o Brasil.

De que maneira "Ma Vie Ma Gueule" aborda a solidão das mulheres?

Agnès Jaoui: O ponto aqui é a dificuldade que essa mulher que eu interpreto tem de se conectar com a vida. Ela passa por problemas psicológicos e anda em desconexão com o mundo.

Sua personagem exige de você muitas cenas silenciosas. De qus maneira você faz do silêncio uma ferramenta?

Isso vai muito da aposta que a Sophie (Fillières, a diretora) faz no plano longo, sem cortes. Não tinha improvisação.

Como você avalia o lugar de um filme como este... e o seu lugar... no cinema francês?

Meu papel neste filme é o mais livre possível. Liberdade é tudo. Levo isso em conta na minha relação com o cinema, que passa por exprimir opiniões de personagens das mais diferentes. Quando eu comecei, o cinema francês passava por uma fase difícil, numa época de deserção de seu público. Os órfãos da Nouvelle Vague não queriam mais saber do que fazíamos. Não havia um novo Alain Delon. Só que a gente seguiu tentando, em parte pelo fato de haver um subsídio para estimular a produção. Gosto do lugar que eu ocupo hoje.

O Brasil já te acolheu algumas vezes.

Pois é, eu acabo de filmar lá. Rodei um longa chamado "O Crime do Músico" em Santa Catarina. É a história de um jovem, filho de agricultor, que se apaixona por flauta e passa a experimentar uma realidade diferente daquela que veio. Eu faço uma especialista em ópera. Tenho mais uma ligação com o Brasil por vir: vou gravar uma faixa de um disco cantando com Chico Buarque.

Além desse disco, o que mais você tem para lançar?

Estou me preparando para dirigir um novo filme. Escrevi um roteiro para vários personagens - como sempre. Estou ainda preparando um livro. (R.F.)