Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

As primeiras joias que Cannes garimpou

Le procès Du Chien | Foto: Divulgação

Cannes segue até sábado. Até lá muita coisa boa há de aparecer. Desde quinta, fala-se sem parar em "Megalópolis", o experimento extravagante, mas poético de Francis Ford Coppola sobre o Tempo. Mas outros títulos também ganharam espaço nas conversas de corredor da disputa pela Palma de Ouro de 2024 e no Maché du Film, a área de mercado do evento. Confira o que já caiu nas graças da cinefilia:

LE PROCÈS DU CHIEN, de Laetitia Dosch: O enredo mais hilário de Cannes. Uma advogada (vivida por Laetitia) precisa defender Cosmos, um cão acusado de morder três pessoas. Se ela perder, seu cliente canino vai padecer na Carrocinha.

BLUE SUN PALACE, de Constance Tsang: Uma perda leva dois imigrantes chineses no Queens a estabelecerem uma delicada relação de troca e de confiança mútua.

ON BECOMING A GUINEA FOWL, de Rungano Nyoni: Mais badalado dos representantes da África no Festival, esta fábula sombria da Zâmbia marca a volta da diretora de "Eu Não Sou Uma Bruxa" (2017). Rungano nos leva aos bastidores de um enterro, no qual a despedida de um tio provoca uma surreal transformação numa família

FURIOSA - UMA SAGA MAD MAX, de George Miller: Chris Hemsworth, o Thor, deu a Cannes seu primeiro personagem fascinante na fauna de tipos revelados este ano: Dementus. Líder de uma gangue que caça combustível e água na Terra Devastada (um futuro distópico), ele adota uma menina como filha e faz dela sua protegida: a Furiosa. Mas a menina busca se vingar dele.

LES FANTÔMES, de Jonathan Millet: Uma montagem eletrizante energiza este thriller sobre a caça a criminosos de guerra sírios na Europa.

TRANSMITZVAH, de Daniel Burman: O realizador de "O Abraço Partido" (2004) chega à Croisette com seu melhor filme em anos. Nele, uma cantora de músicas em ídiche perde a voz e precisa da ajuda de seu irmão, com quem não se relaciona há anos, para recobrar sua saúde e cicatrizar feridas familiares.

RENDE-VOUS AVEC POL POT, de Rithy Pahn: O diretor do premiado "A Imagem Que Falta" (2013) nos transporta para 1978, no Camboja, quando três emissários da França vão investigar o genocídio de uma nação e quebrar com a propaganda oficial de um regime ditatorial. Irène Jacob é um dos destaques do elenco.

SCÉNARIOS, de Jean-Luc Godard: Antes de morrer, em 2022, por suicídio assistido, o diretor de "Acossado" (1960) deixou pronto este tratado sobre a gênese e a decadência da sociedade ocidental, construído a partir de imagens de arquivo, documentos e referências à espirial do DNA.

OH, CANADÁ, de Paul Schrader: Eis o filme mais "redondinho" da caça à Palma de Ouro, com Richard Gere em estado de graça no papel de um documentarista em estado terminal que passa sua vida em revista durante uma filmagem. Ele narra sua deserção durante a Guerra do Vietnã, quando optou por se refugiar em solo canadense sem jamais voltar.