Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Um legado digno de palmas

Algo Viejo, Algo Nuevo, Algo Prestado | Foto: Divulgação

É o último dia para Cannes fazer suas estreias e a aposta do dia, ainda em competição, é a animação "La Plus Précieuse Des Marchandises", de Michel Hazanavicius. Fora isso. Todas as grandes descobertas já foram feitas. Confira a seguir os títulos que mais e melhor alimentaram a cinefilia desde que o evento começou, no dia 14.

Preciosidades pinçadas na Croisette

Blue Sun Palace | Foto: Divulgação

ALGO VIEJO, ALGO NUEVO, ALGO PRESTADO, de Hernán Rosselli: Numa mistura tênue entre realidade e ficção, este thriller argentino acompanha a vida do clã Felpeto, uma espécie de Sopranos do jogo de azar. Vídeos caseiros de uma vizinha do diretor viram material dramático numa trama sobre a vida nos subúrbios.

BLUE SUN PALACE, de Constance Tsang: Uma perda leva dois imigrantes chineses no Queens a estabelecerem uma delicada relação de troca e de confiança mútua.

FLOW, de Gints Zilbalodis: Nesta animação da Letônia, uma nova Arca de Noé salva um bando de animais de um dilúvio, num futuro distópico sem humanos. Um gato terá que lidar com o resto da bicharada para chegar a um lugar seguro.

LOCUST, de Keff: Um jovem atraído pelo fascínio de fazer parte de uma gangue barra pesada tem que repensar suas escolhas depois que os negócios de sua família são ameaçados.

ON BECOMING A GUINEA FOWL, de Rungano Nyoni: Mais badalado dos representantes da África no Festival, esta fábula sombria da Zâmbia marca a volta da diretora de "Eu Não Sou Uma Bruxa" (2017). Rungano nos leva aos bastidores de um enterro, no qual a despedida de um tio provoca uma surreal transformação numa família

MONGREL, de Chiang Wei Liang: Um ensaio sobre solidariedade à moda oriental. Um jovem imigrante passa por toda a sorte de humilhações nas mãos de um patrão cruel, mas exorciza seu sofrimento ao ajudar uma senhora idosa e um homem com problemas mentais. Com eles, o rapaz forma uma inusitada família.

TRANSMITZVAH, de Daniel Burman: O realizador de "O Abraço Partido" (2004) chega com seu melhor filme em anos. Nele, uma cantora de músicas em ídiche perde a voz e precisa da ajuda de seu irmão, com quem não se relaciona há anos, para recobrar sua saúde e cicatrizar feridas familiares.

LA PRISONNIÈRE DE BORDEAUX, de Patricia Mazuy: Um ensaio sobre alteridade no bastidor do universo carcerário. Duas mulheres de classes sociais diferentes, Mina (Hafsia Herzi) e Alma (Isabelle Huppert), vão formar uma aliança conforme visitam seus companheiros numa prisão.

BABY, de Marcelo Caetano: Xodó latino de Cannes. Narra o processo de amadurecimento do jovem Wellington, que sai de um reformatório e conhece o afeto numa São Paulo repleta de solidão e de percalços. Um homem mais velho será seu tutor. João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro assumem os papéis centrais. Destaque para a atuação de Ana Flavia Cavalcanti.

LE PROCÈS DU CHIEN, de Laetitia Dosch: O enredo mais hilário de Cannes. Uma advogada (vivida por Laetitia) precisa defender Cosmos, um cão acusado de morder três pessoas. Se ela perder, seu cliente canino vai padecer na Carrocinha.

LULA, de Oliver Stone e Rob Wilson: Uma aula de geopolítica para gringo ver sobre a saga do sindicalista que chegou à presidência do Brasil e o esquema engendrado para leva-lo à prisão e eleger um governo conservador.