Por: Por Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Mallandro é a maior diversão

Sérgio Mallandro engata a marcha em direção ao sucesso em sua volta aos cinemas | Foto: Divulgação

Muitas das histórias que farão o Teatro Miguel Falabella gargalhar neste sábado e no domingo, no show de Sérgio Neiva Cavalcante, vão fazer a alegria do cinema nacional a partir do dia 13, quando estreia a comédia mais esperada desta temporada, encarada por muitos como o filme brasileiro com mais fôlego para fazer frente à concorrência estrangeira: "Mallandro - O Errado Que Deu Certo".

Os bordões que o comediante traz desde os anos 1980 ("Rá!", "Glu-glu", "Ié-ié"), quando virou um analgésico vivo contra o mau humor nacional, em programas de auditório no SBT e na Globo, agora vão para a telona - a partir do dia 13 de junho - de uma forma diferente de tudo o que já filmou. O longa-metragem produzido por Gláucia Camargos, com direção de Marco Antônio de Carvalho, gravita da risada mais salobra à afetividade mais adocicada sem jamais perder os trilhos. Num ano que abriu com suas portas com bilheterias robustas para a nossa produção audiovisual (vide "Minha Irmã e Eu", "Mamonas Assassinas", "Nosso Lar 2: Os Mensageiros" e "Os Farofeiros 2"), essa habilidade é ouro e quem a confirma são as pré-estreias pelas quais Sérginho já passou com seu boné de pirocóptero.

Mallandro tem viajado pelo Brasil para sessões prévias do filme, sempre bem-recebido por onde passa. Antes de uma sessão em Brasília, no dia 22, ele assinou e deixou as marcas de suas mãos eternizadas na Rua das Estrelas, a calçada da fama do shopping Pier 21, no Distrito Federal. O público de Belo Horizonte também lotou salas e fez fila para pegar autógrafos e fazer vídeos com o humorista. Projeções em Curitiba e Salvador também bombaram.

"Está sendo o maior barato! Estou super feliz com a reação do público. As pessoas me surpreendem, morrendo de rir em cenas de que não imaginei serem tão engraçadas, e riem mais ainda nas piadas clássicas. Fico muito contente ao ver que as pessoas se divertem e também se emocionam com o filme. Eu e o diretor Marco Antonio nos emocionamos muito vendo esse carinho do público", comenta Mallandro, que vai falar de seu passado cheio de trapalhadas no show do Norte Shopping, cravando mais um bordão indefectível: "Que fase!".

No terreno cinematográfico, anos atrás, ele formou um currículo milionário, a se destacar os 4,1 milhões de ingressos vendidos por "Lua de Cristal" (1990), no qual fazia para com Xuxa. Mas a pegada agora, com "Mallandro - O Errado Que Deu Certo", é nova. Não é um revival de "Oradukapeta". Filmado no Rio de Janeiro em 2022, o longa oferece ao astro a chance de emplacar um blockbuster no qual ele e todo o país possam rir com seus perrengues, com suas vitórias, com suas vivências, em altos e muitos baixos. Há um toque autobiográfico, livremente fabular (e muito engraçado) no roteiro escrito por Sylvio Gonçalves, Ulisses Mattos e Pedro Antonio, a partir das histórias que Sérgio passou em seis décadas de vida. Nos anos 2010, ele contabilizou milhares de pagantes nos teatros, com seu stand-up, que sempre encontra um palco para lotar, vide o do Norte Shopping, onde estará amanhã.

Números similares a esses (quiçá maiores) podem se reproduzir agora no filme de Marco Antônio, que narra a luta de Mallandro para sair do ostracismo. Tem alusão à "Porta dos Desesperados" de seu infantil e às "Pegadinhas do Mallandro". Tem participação de Zico e da Xuxa. E tem, sobretudo, um ídolo brasileiro abrindo seu coração.

Eu comecei no cinema com o Antônio Calmon, quando o André Di Biase me levou pro 'Menino do Rio', convencendo o diretor de que eu fazia palhaçadas engraçadas", disse Mallandro ao Correio da Manhã nos sets. "De lá eu fui pro 'Garota Dourada', filmei 'O Trapalhão na Arca de Noé' com Renato Aragão e fui o príncipe da Xuxa. É uma história sobre a importância de as pessoas não deixarem de sonhar, de acreditar. Eu já caí, pude me levantar e, agora, estou vendo o que é cinema de outra forma. Nesse filme, eu tenho uma filha de 17 anos e um filho de 15 anos. É como se fossem os meus filhos em crescimento. Esse filme do Marco Antônio de Carvalho tem uma pegada é bem família, e acho que as pessoas vão se identificar por essa dimensão de como é ser pai. Eu, como artista, acabei por me ausentar muito dos meus filhos por conta de viagens, de trabalho. Nunca tive um final de semana com meus filhos, só quando eu os levava comigo nos shows. É muito difícil para um artista acompanhar de perto o crescimento dos filhos. Em compensação, você procura proporcionar tudo a eles. O malandro que eu sou sempre vai ter espaço no mundo".