Palmas de Ouro e da discórdia

Sedento para aplaudir 'Megalópolis', Cannes mantém filmes polêmicos como 'Titane' em seu radar, jogando holofotes em títulos que mas passam longe da unanimidade

Por RodrigRo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Titane

Três anos depois de ter conquistado a Palma de Ouro, "Titane", de Julia Ducournau, continua nos horizontes de Cannes. Há DVDs, cópias em Blu-ray e camisetas do filme à venda nas lojas da Croisette, que recebe nesta quinta o esperado "Megalópolis", de Francis Ford Coppola, na mostra competitiva da 77ª edição de seu festival anual.

Lançado no Brasil diretamente na streaminguesfera, na plataforma MUBI. Por onde passou o thriller sobre uma assassina com placas de titânio no corpo, que fica grávida de um carro (!) e expele óleo diesel da vagina (!!), foi visto com estranheza, sem harmonizar as opiniões de seus espectadores. Cannes dividiu-se num Fla x Flu tipo "Amei" x "Odiei" ao fim de sua projeção. San Sebastián viveu a mesma situação. O Festival do Rio, idem. Houve gente saindo das sessões quando, sua protagonista, Alexia (Agathe Rousselle) bate o próprio rosto contra uma pia, a fim de deformar seu nariz.

Deformar-se é parte da reinvenção pela qual a personagem há de passar quando se assume, sem culpa, como serial killer, dando um ponto final à existência de homens que passam dos limites na aproximação a ela e dando um adeus a mulheres que não reagem a seus carinhos furiosos como ela espera. E ela mata usando um pau de cabelo como arma. É indigesto (para alguns) torcer por ele. E mais indigesto ainda é lidar com a brutalidade que a cerca.