Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Alvos na corrida ao Leopardo de Ouro

Chocobar | Foto: Divulgação

Já tem data para a 77ª edição do Festival de Locrano: 7 a 17 de agosto, na Suíça, na fronteira com a Itália. A proximidade da festa cinéfila helvética já agita o mercado cinematográfico, com apostas para as vagas na competição pelo Leopardo de Ouro de 2024. Fala-se desde já nos possíveis concorrentes e de potenciais atrações para seções hors-concours na maratona organizada sob a curadoria de Giona A. Nazzaro:

"CHOCOBAR", DE LUCRECIA MARTEL (Argentina): Seis anos depois do aclamado "Zama", a diretora argentina aposta nas narrativas documentais, explorando os bastidores políticos da morte do militante indígena Javier Chocobar por latifundiários.

"LE MOLIÈRE IMAGINAIRE", de Olivier Py (França): Um dos atores mais consagrados da Europa hoje, Laurent Lafitte encarna o próprio Molière, numa trama ambientada em 1673, quando o dramaturgo apresenta "O Doente Imaginário" e se acometido por um mal de saúde. Seu empenho é permanecer no palco e manter a dignidade.

"THUG", de Hans Peter Molland (EUA): Queridinho de Berlim, o cineasta norueguês retoma sua parceria com o Charles Bronson dos anos 2010/2020, o irlandês Liam Neeson, a fim de narrar a saga crepuscular de um gângster que, cansado do crime, decide fazer as pazes com parentes há muito sumidos.

"DORAEMON: NOBITA'S EARTH SYMPHONY", de Kazuaki Imai (Japão): Lá se vão 21 anos desde que "A Viagem de Chihiro" deu a Hayao Miyazaki o Urso de Ouro consagrando a animação nipônica. Agora, o segmento mais rentável da indústria audiovisual asiática volta com a saga do gato robótico Doraemon, que voltou dois séculos no passado para ajudar um estudante desastrado, o guri Nobita Nobi, a se socializar. No novo filme derivado das HQs de do Fujiko F. Fujio, Nobi trava novas amizades numa seara de perigos.

"ALMA", de Sally Potter (Reino Unido): Aos 73 anos, a diretora do cult "Orlando, A Mulher Imortal" (1992) volta às telas para narrar as disputas familiares de um clã de arqueólogos que usa um sítio de escavação de fósseis como arena para uma guerra de egos.

"LOS VIEJOS SOLDADOS", de Jorge Sanjinés (Bolívia): O veteraníssimo diretor de "A Nação Clandestina" (1989) regressa à ficção para narrar a jornada de um grupo de revolucionários da América Latina hoje, numa luta contra contratempos do capitalismo.

"PASHMINA", de Gurinder Chadha (Reino Unido): Nascida no Quênia, a cineasta inglesa de origem indiana aposta na linguagem de animação para narrar o périplo de uma adolescente pra descobrir sua ancestralidade a partir de um cachecol.

"A ARCA DE NOÉ", de Sérgio Machado (Brasil): Produzido por Walter Salles e pelos irmãos Caio e Fabiano Gullane, o novo trabalho do realizador de "Cidade Baixa" (2005) resgata, como longa de animação, os sonetos de Vinícius de Moares, outrora transformados em espetáculo musical, agora na forma de aventura. Nela, um trio de ratos (com as vozes de Alice Braga, Rodrigo Santoro e do já citado Noé) lutam para escapar do dilúvio.

"ARMORED", de Justin Rout (EUA): Agora que Sylvester Stallone virou cult, com homenagem em Cannes (em 2019) e filme de encerramento no TIFF -Toronto Film Festival (em setembro), é provável que ele brilhe em Berlim no papel de um segurança de transporte de valores que tem o caminhão perseguido por criminosos.

"NOBODY'S HEART", DE ISABEL COIXET (Espanha): A prolífica diretora catalã conhecida por cults como "Fatal" (2008) narra a desagregação de um casal vivido por Gugu Mbatha-Raw e Edgar Ramírez, com base em conto de William Boyd.