Para celebrar os 80 anos de Zezé Motta, diversas homenagens estão sendo realizadas em todo o Brasil. Entre elas, está a mostra "80 Anos de Zezé Motta", que está em cartaz na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, até o dia 9 de julho. A mostra reúne seis filmes da atriz, além de debates e workshops.
E o Canal Brasil preparou uma maratona para comemorar a data. A programação começa na virada do seu aniversário, a partir de meia-noite, com a apresentação do Cinejornal especial e segue por quase 24 horas com a exibição em sequência de 13 filmes emblemáticos que marcaram a trajetória de Zezé no cinema desde a década de 1970.
Uma entrevista inédita com a atriz abre a maratona à 0h, em um Cinejornal comemorativo apresentado por Simone Zuccolotto. Na conversa, Zezé destaca a importância de ser uma mulher negra que, ao longo da vida, conquistou grande destaque no cinema e na televisão. "Quando as coisas deram certo pra mim, vi que éramos poucos negros em cena. Comecei a cobrar dos produtores e da mídia sobre essa invisibilidade do negro. Foi aí que criei um arquivo de atores negros, o Cidan. Apesar de o país ser tão miscigenado, é um país racista, vou ter que brigar por isso", conta Zezé, que em 1984 fundou o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), um espaço que facilitou e potencializou a entrada de artistas negros no audiovisual.
No começo dos anos 1980, Zezé Motta já era um nome de respeito na dramaturgia brasileira. Entretanto, este fato não a livrou do racismo que sofreu pelo fato de fazer par romântico com Marcos Paulo, um ator branco até então visto como um galã e com quem se casaria na vida real.
Zezé também fala sobre suas próximas estreias, papéis marcantes de sua carreira e a chegada aos 80 anos. "Eu fico muito feliz de inspirar as pessoas e de ter conseguido passar, principalmente para as mulheres negras, o poder de olhar e falar: eu também posso!".
Entre os destaques da Maratona Zezé Motta, está o clássico "Xica da Silva", dirigido por Cacá Diegues. O filme é baseado no romance "Memórias do Distrito de Diamantina", do autor João Felício dos Santos. A atriz interpreta a escrava Xica da Silva, que torna-se a primeira dama negra brasileira. O papel rendeu à ela troféus de Melhor Atriz no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Prêmio Coruja de Ouro de Cinema e no Prêmio Air France de Cinema em 1976, e no Prêmio Governador do Estado de São Paulo em 1977.
Ainda completam a programação os longas-metragens "A Serpente", do diretor Alberto Magno; "Para Viver Um Grande Amor", de Miguel Faria Jr.; "Jubiabá", de Nelson Pereira dos Santos; "Natal da Portela", de Paulo César Saraceni; "Vai Trabalhar Vagabundo", de Hugo Carvana; "Orfeu" e "Tieta do Agreste", de Carlos Diegues; "Bróder", de Jeferson De; "Nó do Diabo", de Gabriel Martins, Ramon Porto Mota, Ian Abé e Jhésus Tribuzi; "Alemão 2", de José Eduardo Belmonte; e "Gonzaga - De Pai Pra Filho", de Breno Silveira.