Festival de Veneza seleciona 'Manas', de Marianna Brennand
Longa retrata a ultrajante realidade de abusos sexuais na Ilha de Marajó
O Festival de Veneza de cinema selecionou, para sua 81ª edição, o filme brasileiro "Manas", da cineasta Marianna Brennand. O longa vai concorrer na mostra competitiva Giornate degli Autori, chamada também de Venice Days, que busca novos talentos do cinema. O festival ocorre entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro.
"Manas" acompanha a história de Marcielle, uma menina de 13 anos que vive em uma casa de palafitas às margens do rio com seus pais e três irmãos. Ela é uma adolescente que luta para salvar a si mesma e sua irmã mais nova do abuso sexual de seu pai e da exploração nas balsas numa comunidade que fecha os olhos para esses crimes.
A protagonista é interpretada por Jamilli Correa. Dira Paes e Rômulo Braga também estão no elenco.
Mariana Brennand decidiu fazer o filme quando soube que crianças vinham sofrendo abuso sexual em balsas do rio Tajapuru, na Ilha do Marajó. A princípio, ela pensou em rodar um documentário sobre o tema, mas concluiu que não desejaria expor as mulheres da região a se abrirem sobre um tema tão delicado.
Incluindo títulos em competição e fora de competição, 25 produções foram selecionadas para a Giornate degli Autori deste ano. Destas, 16 foram dirigidas por mulheres. Outro destaque da seleção é "Alma do Deserto", coprodução entre Brasil e Colômbia que foi escolhida para uma das sessões especiais da Giornate. Dirigido pela colombiana Mônica Taboada-Tapia, o longa acompanha a jornada de Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu, que após ter sua casa incendiada por vizinhos que não aceitavam sua presença, perde seus documentos e enfrenta um árduo caminho para obter uma nova identidade. A história revela sua luta por reconhecimento e direitos fundamentais, incluindo o direito de votar.
A direção do festival anunciou a atriz e diretora Bárbara Paz como membro do júri do prêmio Luigi De Laurentiis. O troféu busca, nas mostras competitivas da programação, o melhor longa de estreia de um diretor. "Muito feliz de mais uma vez fazer parte dessa história", comemorou Bárbara em sua página no Instagram. Ela venceu, no mesmo festival em 2019, o prêmio de melhor documentário da mostra Venice Classics com "Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou".
O júri do Prêmio Luigi di Laurentiis ainda é composto pelo escritor e diretor americano Ricky D'Ambrose, a atriz e diretora canadense Taylor Russel e o curador de festivais Jacob Wong. O crítico de cinema italiano Gianni Canova será como presidente.
O festival também anunciou a composição do júri da mostra Horizonte, que premia filmes que capturam novas tendências e estéticas. A presidente será a produtora e diretora Debra Granik, que estará acompanhada de Ali Asgari, Soudade Kaadan, Christos Nikou, Tuva Novotny, Gábor Reisz e Valia Santella.