Mamãe eletrônica

"Robô Selvagem" garantiu o colorido da animação industrial a San Sebastián

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Por Rodrigo Fonseca

Delineado numa margem oposta ao cenário criativo de "Memórias de um Caracol", de olho em fortunas nas salas de projeção multiplex dos shoppings, "Robô Selvagem" ("The Wild Robot") garantiu o colorido da animação industrial a San Sebastián, numa projeção na mesma mostra em que Adam Elliot se destacou, a Perlak. O filme já passou em pré-estreias pagas no Rio, mas será lançado em ampla escala em 10 de outubro, de olho no Dia das Crianças. Revelado com o curta "Fun With Father" (1984), Christopher Michael Sanders assina sua direção, apoiado na tecnologia que a DreamWorks (estúdio por trás de "Shrek") tem a oferecer a boas histórias - como a sua. Seu roteiro nasce da literatura infantojuvenil de Peter Brown e discute o ônus e o bônus da maternidade. Sua trama se passa num futuro no qual as máquinas são operárias. Um desses construtos, a unidade ROZZUM 7134, denominada Roz, encalha na Terra, numa floresta, sem conseguir contato com a matriz, a fim de ser resgatada. Para resistir numa natureza biológica de fauna diversa, a tal androide (encarnada com delicadeza por Lupita Nyong'o) tenta aprender o som (ludicamente traduzido como fala) dos animais. Após destruir acidentalmente um ninho de gansos, ela percebe que um ovo sobrou. Dele sai uma pequena ave, Bico-Vivo (que será dublada em sua fase adolescente por Gabriel Leone). Sem entender direito uma falha em seu sistema que a leva a ser responsável pelo bichinho, Roz passa a cuidar dele, salvando-o de predadores, entre os quais a faminta raposa Astuto (dublado por Rodrigo Lombardi), que acaba sendo convertido numa espécie de tio para Bico-Vivo. Quando o jovem gansinho decide imigrar para o Sul, para fugir do Inverno, sua mãe robótica vai sofrer. Seu sofrimento, ampliado por outros perigos, levou San Sebastián às lágrimas, mas arrancou sorrisos com as trapalhadas de Astuto. (R.F.)