Glauber feito Rocha

Citações em festival paulista, peça no Rio e retrospectiva no Canal Brasil renovam o espaço nobre do cineasta no imaginário cultural do país

Por Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Glauber Rocha, o grande nome do Cinema Novo

Santos nomes cinéfilos nunca são evocados em vão numa maratona audiovisual como a 48ª Mostra de São Paulo, onde a sagrada contribuição de Glauber Rocha (1939-1981) vem sendo citada sempre que se faz menção a "Malês", de Antonio Pitanga, um colaborador do cineasta que lança seu filme no evento na segunda, às 21h40, no Reserva Cultural 1.

O épico sobre uma revolta na Bahia empreendida por escravizados muçulmanos começou a ser esboçada depois de uma conversa entre Pitanga e o diretor de "Barravento" (1961), ocorrida tempos atrás. O projeto se desenhou ali, mas Glauber morreu e, só quatro décadas depois a morte dele, o ator baiano conseguiu tirar a ideia do papel, sempre citando a relevância do amigo para a gênese da empreitada.

Também é difícil não pensar no legado glauberiano quando seu filho Eryk Rocha tem longa novo para lançar, numa dobradinha com sua companheira de ofício e de vida, Gabriela Carneiro da Cunha. "A Queda do Céu", que fez sua primeira projeção na Quinzena de Cannes e ganhou o troféu Redentor de Melhor Direção de Documentários no Festival do Rio, terá sessões na Mostra nos dias 28 (às 21h20, no Espaço Augusta) e 29 (na Sala Grande Otelo da Cinemateca Brasileira, às 15h45). É uma narrativa ritualística sobre os yanomami. Para além da maratona paulistana, vai ter uma celebração da obra do artesão autoral por trás de cults do naipe de "A Idade da Terra" (1980) esta noite na TV a cabo, no Canal Brasil.