A batuta argentina de Coppola
Osvaldo Golijov, que hoje colhe aplausos no Metropolitan de Nova York em ópera com Deborah Colker, compôs a trilha sonora de 'Megalópolis', que traz o cineasta ao Brasil
Tem sangue (e som) argentino em "Megalópolis", épico estonteante que estreia nesta quinta, com distribuição da O2, mas, antes, encerra a 48ª Mostra de São Paulo, com direito à visita de seu realizador, o titã Francis Ford Coppola, que receberá o troféu honorário do evento, o Prêmio Leon Cakoff, pelo conjunto de uma obra eternizada por "O Poderoso Chefão" (1972). Nuestro hermano que brilha no filme é o compositor Osvaldo Golijov, nascido em La Plata, há 63 anos.
É dele a trilha sonora que tem deslumbrado tímpanos das plateias que embarcaram na delirante história de um arquiteto, Cesar (Adam Driver), capaz de parar o tempo numa Nova York rebatizada de Nova Roma.
"Osvaldo é um maravilhoso compositor clássico. Como este é um filme sobre tempo, o ritmo tem muita importância", disse Coppola em Cannes, ao elogiar seu parceiro criativo, enquanto concorria à Palma de Ouro.
Apaixonado por Milton Nascimento, Golijov já compôs para o mítico realizador antes ("Velha Juventude", "Tetro", "Twixt - Virginia"). Neste momento, anda às voltas com uma experiência singular nos palcos com a coreógrafa brasileira Deborah Colker. Há duas semanas, ela estreou no Metropolitan Opera, em Nova York, com casa cheia e aplausos inflamados, o espetáculo "Ainadamar" (sobre a vida e a morte do poeta espanhol Federico García Lorca), ao qual Golijov emprestou seu talento, trabalhando sobre um libreto de David Henry Hwang. Estrearam no principal palco lírico dos EUA.