Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Pra frente, Brasil!

'O Clube Das Mulheres De Negócios' é umas dsa estreias nacionais da semana | Foto: Aline Arruda/Divulgação

Zapeando as estreias deste fim de semana no Ingresso.Com e sites de busca afins, a plateia carioca tromba com três novos títulos brasileiros: "Praia Formosa", de Julia De Simone (que está com uma retrospectiva de sua obra na Cinemateca do MAM); "O Clube das Mulheres de Negócios", de Anna Muylaert; e o documentário "Antes Que Me Esqueçam, Meu Nome É Edy Star", de Fernando Moraes.

Dois outros longas-metragens com o Brasil em seu DNA serão projetados nesta quinta, na mostra Cinemina, do Estação NET Botafogo - "Incondicional - O Mito da Maternidade", de Patricia Fróes, e "Ensaios Sobre Yves", de Patrícia Niedermeier -, com sessões respectivamente às 19h e às 21h. Esse contingente há de ampliar a presença do país num circuito que tem Hollywood como seu inquilino mais espaçoso. Isso é o que vem pela frente, é o amanhã, mas, no hoje, nesta quarta, quem quiser se esbaldar de brasilidade tem um prato cheio pela frente, pois há 18 produções feitas em território nacional nas telas. Uma delas, "Um Dia Antes De Todos Os Outros", de Fernanda Bond e Valentina Homem, está em pré-estreia, com projeção às 20h30.

Sua exibição integra a grade do já citado Cinemina, que vem lotando o Estação da Voluntários da Pátria nº 88 com narrativas construídas por realizadoras. Os longas de Muylaert e De Simone passaram lá. Na trama filmada por Fernanda e Valentina, a jovem Sofia improvisa rimas com suas amizades na comunidade em que vive, sua mãe, Marli, organiza a desocupação do apartamento de classe média alta em que trabalhou por boa parte da vida como cuidadora. Velhos sonhos e novos planos surgem no horizonte desse último dia de trabalho.

Essa maciça presença do Brasil em múltiplas salas da cidade, com longas de formatos e gêneros variados, vem mobilizando a cinefilia, valorizando a necessidade urgente da ampliação de cota de tela para a nossa filmografia.

A oferta vai ao encontro do pleito feito por Fernanda Torres, a força motriz do fenômeno "Ainda Estou Aqui", numa postagem do último dia 19, ao celebrar o êxito do drama dirigido por Walter Salles, na qual clamava para o público seguir firme e forte na tarefa de prestigiar a prata da casa em tela grande.


 

'Ainda Estou Aqui' puxa a fila de um cardápio extenso e variado

O longa estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello deve chegar à casa dos dois milhões de espectadores ainda esta semana | Foto: Divulgação

Épossível que até sexta (quiçá ainda nesta quarta), a adaptação no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, estrelado por Fernanda Torres e por sua mãe, Fernanda Montenegro, ultrapasse a marca de dois milhões de ingressos vendidos, desafiando a concorrência gringa de "Gladiador II", "Wicked" e "Venom: A Última Rodada".

Assim que a saga da ativista e advogada Eunice Paiva virou blockbuster, ao cravar um milhão de pagantes, sua protagonista, no exterior, em campanha para o Oscar 2025, falou: "Aqui de Malibu Beach, Fernanda ainda em Los Angeles, quase voltando para o Brasil, passando para lembrar o seguinte: aproveita esse embalo do 'Ainda estou aqui' e vai para outros filmes brasileiros com a sua família. Por exemplo, 'Arca de Noé'. Vinicius de Moraes, pelo amor de Deus, gente! Leva as crianças! E já, já vem aí 'O Auto da Compadecida 2'".

Sua convocação encontra respaldo em vários pontos da geografia carioca, incluindo a Baixada e Niterói. Nas atrações recém-chegadas, lançadas na semana passada, há experimentos dramatúrgicos que alcançaram aplauso de festivais do exterior, como o imperdível "Retrato De Um Certo Oriente", de Marcelo Gomes, egresso de Roterdã. Igualmente obrigatório, sobretudo para fãs de horror, "A Herança", de João Cândido Zacharias, brilhou no Festival Macabro, do México, explorando o assombro nas trilhas do thriller queer.

Revelado pelo Festival do Rio e recém-premiado no Mix Brasil, "Avenida Beira Mar", de Maju de Paiva e Bernardo Florim, veio a se juntar ao bonde de lançamentos brasileiros de 2024 há uma semana. Em seu delicado roteiro, uma menina trans encara asperezas em nome de sua identidade e de sua autoafirmação. Andréa Beltrão é um mimo que o filme oferece à cinefilia no papel de uma mãe obstinada, às voltas com mudanças e recomeços.

Quem quiser suspirar a dois pode encontrar lirismo na RomCom (comédia romântica) mineira "O Dia Que Te Conheci", de André Novais Oliveira. Quem bate palma para a potência de nossa dramaturgia documental vai se refestelar com o engenho de "171", de Rodrigo Siqueira. Para espectadoras/es de dente de leite, uma boa pedida para este dia, além do supracitado "Arca de Noé", é a animação "Zuzubalândia", de Mariana Caltabiano. Tem ainda espaço para o ganhador do troféu Redentor de Melhor Filme de Ficção da Première Brasil (em empate com o ainda inédito "Baby"): "Malu", de Pedro Freire, com horários no Estação na Gávea e em Botafogo. Fora isso, "Ainda Estou Aqui" segue a fazer jus a seu título, arrebatando multidões, com uma baita chance de concorrer à estatueta hollywoodiana que Walter merece desde "Central do Brasil" (1998).