A verdade está na literatura... e na música... e...
Imortalizado na cultura pop como Fox Mulder na série 'Arquivo X', hoje na Disney+, David Duchovny ataca de romancista, de músico e de cineasta
Enquanto seu novo filme ("Feel", de Justine Bateman) não ganha a telona, o nova-iorquino David Duchovny expande seus domínios pelo streaming, roubando os holofotes da Max com sua participação em "O Simpatizante" e afagando corações noventistas na Disney , onde há onze temporadas do hit "Arquivo X" em cartaz. Encontram-se ainda por lá dois longas-metragens derivados dessa série sci-fi que redefiniu a teledramaturgia fantástica na década de 1990, celebrizada pelo bordão "A verdade está lá fora".
Aos 64 anos, o eterno Fox Mulder vem ocupando ainda - e cada vez mais - um outro espaço: as livrarias. Acaba de chegar ao mercado editorial brasileiro "Real Como Um Relâmpago", mais recente romance escrito pelo ator. Chega aqui na esteira da boa acolhida ao livro anterior, "O Reservatório".
Publicado pela Buzz Editora e traduzido por Cristiane Maruyama, "Real Como Um Relâmpago" acompanha a rotina de Bronson Powers, um ex-dublê de Hollywood convertido ao mormonismo. Nos últimos vinte anos, ele vive com a família ? três esposas e dez filhos ? isolados nos arredores do deserto Joshua Tree, longe da corrupção e dos males do mundo moderno. A paz deles é interrompida quando a jovem e ambiciosa Maya, representante de uma incorporadora imobiliária, descobre a propriedade e vê ali uma ótima oportunidade de negócio.
Após ameaçar denunciar a família ao serviço social, Maya convence os Powers a matricular três das crianças em uma escola próxima. O acordo é: se o ensino tradicional, e urbano, trouxer melhores resultados que o ensino domiciliar, partes das terras deverão ser vendidas. A família Powers precisará lutar para preservar seus costumes e valores enquanto é confrontada por todas as complicações do século XXI que há muito busca evitar.
Esse enredo está sendo adaptado em forma de uma minissérie que o próprio Duchovny vai dirigir. Uma vez mais, o assunto de sua prosa é a arte de estar (e ser) só num país como os Estados Unidos. Esse é o tema também de muitas das letras que ele canta, numa trajetória profissional paralela, como músico.
Cantar letras como "Someone else's girl", uma das faixas mais tocadas de seu CD "Every Thrid Thought", hoje é mais significativo para o astro do que relembrar a trajetória que fez dele um fetiche das fãs da ficção científica, coroado com um Globo de Ouro, em 1997, em "Arquivo X".
"Tem horas que a gente precisa ir para o rock'n'roll", disse o cantor num palco da Áustria, ao correr o mundo a soltar o gogó em shows com direito a releitura de "Heroes", de David Bowie. Em plena pandemia, lançou "Gestureland", uma mistura de rock alternativo, folk e country. "É influência da música britânica, de Bob Dylan, de Tom Petty, de Aimee Mann... os sons pelos quais a gente se apaixonou", disse ele ao divulgar o disco, hoje disponível no Spotify, onde é possível ouvir ainda outro de seus álbuns: "Hell or Highwater", de 2015.
O time de críticos do jornal "Boston Globe" elogiou a voz de Duchovny, observando que "ele canta com uma ressonância seca e apenas uma pitada de rouquidão". Em 2023, ele colheu elogios ainda por uma outra faceta, a de cineasta. Dirigiu o longa "Reverse The Curse", que teve projeções no Festival de Tribeca, em Nova York, e foi premiado no Fantasporto, em Portugal.
Quem estiver com saudade de seu desempenho atuando, pode vasculhar o cardápio da Netflix e se refestelar de Duchovny em comédias como "A Bolha", com Pedro Pascal, e "Certas Pessoas", com Eddie Murphy, além da série "Aquarius". Na Amazon Prime, dá para vê-lo na (ótima) comédia romântica "O Que Acontece Depois" (2023), ao lado de Meg Ryan.