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CORREIO CULTURAL: Trilha sonora também é destaque em 'Ainda Estou Aqui'

'Ainda Estou Aqui' tem uma trilha sonora potente | Foto: Divulgação

Representante brasileiro na disputa pelo Oscar 2025, o longa "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, tem levado multidões às salas de exibição pelo país. Existe a força do texto de Marcelo Rubens Paiva adaptado para o cinema; e o gigantismo de Fernanda Torres em cena encarnando a advogada Eunice Paiva em sua cruzada para que o Estado brasileiro reconhecesse a morte de seu marido durante a ditadura militar.

E outro ingrediente de sucesso é sua potente trilha sonora que reúne grandes nomes da MPB nos anos de chumbo como Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Tim Maia e os tropicalistas Gal Costa, Caetano Veloso e Tom Zé que compõem um retrato sonoro daqueles anos sombrios.

 

Coisas a dizer

O destaque vai para uma pérola setentista, "É Preciso Dar um Jeito Meu Amigo", uma balada existencialista de Roberto e Erasmo Carlos e gravada pelo Gigante Gentil em seu primeiro álbum solo, "Carlos, Erasmo" (1971) e cuja execução recente alcançou o Top 50 do Spotify Brasil.

Coisas a dizer II

Em sua interpretação contida, Erasmo se volta à penúria, ao desamparo e às incertezas da época em versos como "Estou envergonhado/ com as coisas que eu vi/ mas não vou ficar calado/ no conforto acomodado como tantos por aí", canta, escoltado por uma guitarra psicodélica.

Coisas a dizer III

A faixa de Erasmo permeia quase todo o filme e brilha ainda mais nos créditos finais deste longa. Mas não é a única faixa composta por Erasmo e Roberto na trilha do longa. Há "As Curvas da Estrada de Santos" e "Como Dois e Dois", ambas na interpretação de Roberto.

Coisas a dizer IV

A inserção de três canções de Roberto e Erasmo talvez nos revela que a geração da Jovem Guarda não era tão despolitizada como se supunha. Anos mais tarde, o próprio Erasmo definia a Tropicália como "a Jovem Guarda adulta e politizada, é a música brasileira".