Por: Rodrigo Fonseca

Associação da crítica carioca, a ACCRJ elege ‘Ainda Estou Aqui’ o melhor filme de 2024

Walter Salles orienta Fernanda Torres no set de filmagens de 'Ainda Estou Aqui' | Foto: Alile Dara Onawale/Divulgação

Um dia antes de entrar na disputa pelo Globo de Ouro, com fortes chances de coroar Fernanda Torres com uma estatueta, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, foi eleito “O” Filme de 2024 na votação de Melhores do Ano da Associação de Críticos do Rio de Janeiro (ACCRJ), realizada na manhã deste sábado. O ranking do colegiado carioca inclui ainda “A Substância”, de Coralie Fargeat; “Anatomia de uma Queda”, de Justine Triet; “Jurado n° 2”, de Clint Eastwood; “Malu”, de Pedro Freire; “Motel Destino”, de Karim Aïnouz; “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar; “Os Rejeitados”, de Alexander Payne; “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos; e “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer.

Na liderança desse Top Ten, a adaptação do romance homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva chega à competição pelo Globo dourado, nos EUA, neste domingo, desfrutando do status de blockbuster, após ter vendido cerca de 3 milhões de ingressos em circuito nacional. Em sua passagem pelo Beverly Hilton (a sede do certame estadunidense), amanhã, o longa de Salles vai brigar por troféus em duas categorias: Melhor Filme de Língua Não Inglesa e Melhor Atriz Dramática. Desde setembro, no Festival de Veneza, de onde saiu com o prêmio de Melhor Roteiro, sua protagonista, a já citada Fernanda Torres, arrebata plateias no papel da advogada e ativista Eunice Paiva (1932-2018).

Durante a ditadura, no início dos anos 1970, Eunice teve o marido, o engenheiro Rubens Paiva (papel de um coruscante Selton Mello), levado para depor, mas ele nunca regressou. Dali para diante, ela se empenha em dissipar névoas da tortura e das práticas de sumiço de ditos “subversivos”, numa trajetória heroica. A montagem espartana de Affonso Gonçalves narra essa luta em saltos no tempo, com direito a uma entrada de Fernanda Montenegro (como Eunice em fase madura) numa sequência de doer na alma.

A ACCRJ presta anualmente uma homenagem a personalidades que morreram. Os tributos póstumos da vez vão para Geena Rowlands, Vladimir Carvalho, Alain Delon, Paulo César Peréio e Roger Corman.
Vota-se tradicionalmente ainda uma iniciativa cinematográfica emblemática. A escolha da associação foi a inauguração do Cine Carioca José Wilker, em Laranjeiras.