A multicampeã Beija-Flor de Nilópolis revisita sua própria história com um enredo que bateu forte no coração da comunidades. "Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas" é uma merecida homenagem da azul e branco da Baixada a um de seus mais célebres integrantes. O enredo, assinado por João Vitor Araújo celebra a vida, a obra e o legado do carnavalesco e dirigente, apresenta sua devoção a Xangô e promete emocionar ao contar o reencontro espiritual deste baluarte do samba com o carnavalesco Joãosinho Trinta, outro grande nome da história da Beija-Flor.
Laíla é figura central na história da escola e no Carnaval carioca. Desenvolvido com sensibilidade e profundidade, o enredo promete uma abordagem que mistura espiritualidade, arte e emoção, celebrando não apenas a figura de Laíla, mas também a força do Carnaval como expressão cultural e transformadora.
Nascido Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, Laíla foi uma as centrenas de milhares de vítimas da covid-19. Viveu o mundo do carnaval por mais de 50 anos. Além de suas passagens mnarcantes pela escola de Nilópolis, passou por outras escolas: Salgueiro, Vila Isabel, União da Ilha e Unidos da Tijuca.
"A intenção não é santificar o Laíla porque ele não era santo, e ninguém é santo. Então, para quem pensa que a gente vai trazer ou Laíla com asinha, com par de asas nas costas... É o Laíla humano, aquele que errava, aquele que acertava, mas que construiu uma história linda dentro do carnaval", explica o carnavalesco.
Para deixar os corações da torcida da Beija-Flor ainda mais apertados, o desfile deste ano pode ser o último que a escola terá Neguinho da Beija-Flor do alto do carro de som.
ENREDO: "Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas"
Kaô meu velho!
Volta e me dá os caminhos
Conduz outra vez meu destino
Traga os ventos de Oyá
Agô meu mestre
Sua presença ainda está aqui
Mesmo sem ver, eu posso sentir
Faz Nilópolis cantar
Desce o morro de Oyó
Benedito e catimbó
O Alabá Doum
Traz o terço pra benzer
E a Cigana Puerê
Meu Exu
De copo no palco, a nota certeira
Regeu o sagrado toda quinta-feira
O brado no tambor, feitiço
Brigou pela cor, catiço
Coragem na fala sem temer a queda
O dedo na cara, quem for contra reza
Vencer o seu verbo
Gênio do ouvido perfeito
A trança nos versos
Divino e humano em seu jeito
Queria paz, mas era bom na guerra
Apitou em outras terras, viajou nas ilusões
Deu voz à favela e a tantas gerações
Eu vou seguir, sem esquecer nossa jornada
Emocionada, a Baixada em redenção
Chama joão pra matar a saudade
Vem comandar sua comunidade
Óh Jakutá... O Cristo preto me fez quem eu sou
Receba toda gratidão obá, dessa nação nagô
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Dobram atabaques no quilombo Beija-flor
Terreiro de Laíla meu griô
Autores: Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena