Vin Diesel queimou todo o combustível que tinha para virar o astro rei do cinema de ação, assim como Dwayne "The Rock" Johnson, que incapaz de conquistar essa tal coroa, cedeu os músculos (e o carisma) ao drama, no projeto "The Smashing Machine", de Benny Safdie, já de olho no Oscar 2026. Quem hoje ocupa um trono outrora disputado por Arnold Schwarzenegger e Jean-Claude Van Damme - e não arreda pé dele - é o inglês Jason Statham, que, ano após ano, vê suas bilheterias crescerem num filão depauperado pela correção política. Monarca do "Domingo Maior" da TV Globo, herdeiro (sem laços sanguíneos) de Stallone no comando da franquia "Os Mercenários" e fetiche do diretor Guy Ritchie, o ator britânico de 57 anos virou o ferrabrás mais bem-sucedido dos thrillers de pancadaria.
Nesta quinta, seu reinado há de ser renovado com a estreia de uma produção da Amazon MGM Studios chamada "Resgate Implacável" ("A Working Man"), dirigido por David Ayer (de "Esquadrão Suicida"), que faz dele seu novo muso. Os dois asseguraram bons augúrios para redes exibidoras de todo o planeta no alvorecer de 2024 com "Beekeeper: Rede de Vingança", que custou US$ 40 milhões e faturou US$ 162 milhões. Ou seja, Statham é lucro na veia.
"Existem muitos cineastas com verve autoral com quem eu gostaria de trabalhar, mas, por vezes, na indústria, somos vistos a partir de certos prismas, ainda que, no prisma que estou, eu tente humanizar os personagens, explorando a solidão que existe neles", disse Statham ao Correio da Manhã, quando lotava os cofres hollywoodianos de dólares com "Infiltrado" ("Wrath of Man"), que arrebatou as telas em meio à pandemia e pode ser visto hoje na plataforma Prime Video.
Dublado no Brasil por um gênio da voz (o paulista Armando Tiraboschi), Statham protagoniza "Resgate Implacável" a partir de um romance escrito por Chuck Dixon (um midas das HQs por trás de quadrinhos best-sellers do Batman e do Justiceiro), focado no ex-agente Levon Cade. O roteiro do filme traz assinatura de Stallone.
Há 12 anos, o eterno Rocky escreveu "Linha de Frente" ("Homefront", 2013) para Statham, de quem é amigo. Essa amizade se reforça profissionalmente, depois do fim de "Os Mercenários", em 2023. Na trama que entra em circuitão neste fim de semana, Levon deixou para trás uma condecorada carreira militar em operações secretas para ter uma vida simples trabalhando com construção civil. Tudo funciona bem em sua rotina até que a filha de seu chefe, a quem considera sua própria família, é levada por traficantes. A busca de Cade para trazer a menina para casa descortina um mundo de corrupção maior do que ele jamais poderia ter imaginado.
"Venho de muitos filmes que têm uma dimensão cômica ácida, de muitos excessos formais, explícitos na ação", disse Statham na estreia de "Esquema de Risco - Operação Fortune", há cerca de dois anos.
Foi na França, em 2002, sob os auspícios do realizador Luc Besson que esse ex-modelo e atleta reinventou uma carreira que havia começado em 1998, com "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes", assumindo a persona do herói bom de luta e rápido no volante. Frank, seu personagem em "Carga Explosiva" (2002-2008) faturou milhões, abriu espaço para que ele tivesse lugar na franquia "Velozes e Furiosos" e ainda assegurou sua (oni)presença em thrillers B. Ele nunca deixa passar a chance de trabalhar com o realizador que o revelou, o já citado Guy Ritchie, com quem fez "Snatch - Porcos e Diamantes" (2001) e "Revólver" (2005).
"Guy é um cineasta colaborativo, que sabe trocar com a gente em cena. Silêncio é parte de um método físico dele, com quem eu demorei a trabalhar após de um início de carreira onde fui seu colaborador muitas vezes. Gosto de notar o quanto ele explora a ideia de 'sujeito comum' que temos e expande essa noção do quer seria a normalidade para o perigo", explica Statham, que ganhou as bênçãos de Hollywood ao protagonizar o ímã de milhões "Megatubarão", que faturou meio bilhão de dólares em 2018, seguido por uma continuação, de 2023, que somou US$ 397 milhões de receita.
Estima-se que a renda total dos longas protagonizados por ele beire US$ 2 bilhões.
"Há um código de honra que cerca alguns heróis. Esse padrão significa agir dentro de um protocolo de valores relacionado ao que parecer ser o certo, o correto. Mas não é todo o personagem que tem esse luxo, principalmente figuras associadas ao submundo, como é o caso de muitos dos papéis que me oferecem", disse Statham, ao Correio em 2021.
Em 2026, ele será visto em "Rebelião", de Jean-François Richet, e em "Velozes & Furiosos 10 - Parte 2", de Louis Leterrier.
