Por: Pedro Sobreiro

Um gênio vingativo

Rami Malek interpreta Charles Heller, um programador da CIA que quer vingar a morte da esposa em 'Operação Vingança', filme que marca a estreia de Malek na produção | Foto: John Wilson/ 20th Century Studios

Chega aos cinemas nesta quinta-feira (10) o filme "Operação Vingança"'. Protagonizado por Rami Malek ("Bohemian Rhapsody"), o longa conta a história de Charles Heller, um programador da CIA cuja esposa é assassinada. Porém, a agência faz 'corpo mole' para investigar o caso. Assombrado pelo luto, ele aciona seus contatos e usa sua inteligência para ir atrás dos assassinos e acabar com eles.

O elenco conta ainda com Lawrence Fishburn (Matrix), Rachel Brosnahan (Superman) e Caitríona Balfe (Ford vs Ferrari). A convite da Disney, o Correio da Manhã participou da coletiva de imprensa internacional do filme.

"Operação Vingança" é mais do que especial para Rami Malek, que estreia como produtor, além de interpretar o protagonista. Para ele, essa nova função foi como se encontrar na profissão.

"Eu amei poder acompanhar as coisas do comecinho até o final, vendo todos os detalhes. Acho que me encontrei nessa função, porque me lembro até hoje de estarmos discutindo o uso das lentes, quais ângulos eram mais adequados. Até mesmo conversando com os atores para garantirmos sempre o melhor do melhor. E eu ficava pensando: 'como vou entrar numa sala de edição, sendo um ator, sem parecer um intruso?'. E o jeito que encontrei foi entrando para a produção. Foi incrível sentar com o time de roteiro, direção e edição de som para entender como se faz um filme do melhor jeito possível. Reunir alguns dos meus atores favoritos nesse projeto foi incrível. Me considero sortudo e orgulhoso do time que reunimos", explicou.

Rachel Brosnahan, que interpreta Sarah, esposa de Heller, afirmou que o que a atraiu para o filme foi a chance de trabalhar com Rami Malek como produtor. "O Rami está se subestimando como produtor, porque o que mais me atraiu no projeto foi poder trabalhar com ele. Ele trabalhou em praticamente todos os setores do projeto, e essa dedicação foi muito inspiradora. Sua paixão por esse universo, pelo personagem, por essa forma de contar histórias é contagiante. Ele trouxe uma abordagem cheia de humanidade, mais pé no chão, para um thriller de espionagem. Você se importa com aqueles personagens", disse.

Fator atração

Para Lawrence Fishburn, além de trabalhar com Malek, o fator de atração foi o roteiro. "Superar limites é algo que todos os atores querem. Contar histórias de gente comum que realiza feitos incríveis em situações extraordinárias é o que nos motiva a seguir na profissão. Cada personagem tem um arco próprio para mudar e crescer. Quando 'Operação Vingança' surgiu, li o roteiro e fiquei animado com essa chance dada pelo Rami. Eu precisava fazer parte disso", comentou Fishburn.

O grande centro da trama é o luto. A forma como a perda de alguém amado pode afetar as pessoas de diferentes maneiras é o que move dois personagens fundamentais no filme. Para Caitríona Balfe, que dá vida a uma personagem misteriosa, é esse embate entre justiça e vingança que deve fascinar o público.

"Acho que o cerne do filme é a disputa entre vingança e justiça. A vingança é aquilo que te trará paz? Quando você está sofrendo e quer que os responsáveis sejam punidos pela atrocidade que fizeram, corre o risco de ficar cego. Mas será que é isso que vai te confortar? Existe um caminho correto para conseguir esse conforto? A jornada do Heller para descobrir isso é muito emocionante", afirmou.

Cruzar linhas

Rami Malek também abordou o tema, diferenciando Heller de outro papel que o consagrou na TV: Elliot, de 'Mr. Robot'. Apesar de ambos serem hackers, Malek acredita que Charles Heller é capaz de cruzar linhas que o Elliot jamais cruzaria. "Eu tive um momento para me despedir do Elliot. Nesse projeto, não tentei revisitá-lo, mas há algumas semelhanças. Ambos são geniais, mas estão quebrados em diferentes aspectos da vida. Houve muitos sentimentos próximos do Elliot que o Heller experimentou, mas de forma diferente. Ele é movido pelo amor magnético à esposa, um papel muito difícil que a Rachel faz com facilidade. Apenas com sua presença, ela o motiva a fazer coisas que o Elliot jamais faria. Ela vê algo nele que é magnético, mas real também. E permitir essa combinação em um personagem no meio de um suspense transcende a ação, porque essa paixão permite a identificação com o Heller. Eu tentei concentrar minha atuação no luto. Conversei com o diretor e decidimos abordar os estágios do luto conforme o filme se desenvolvia. Definimos pontos-chave para fazer o público pensar 'eu acho que também reagiria assim'", comentou.

Ele completou dizendo que, mesmo fazendo tantos papéis de hacker, nunca aprendeu de fato a hackear. "Nunca vou saber mexer com códigos ou hackear coisas, como em Mr. Robot, mas aprendi o bastante para ficar paranoico sobre o que o governo pode acessar sobre nós. Ver documentários sobre tecnologia invadindo a privacidade foi assustador. O que Charlie Heller é capaz de fazer e sua capacidade de armazenar memórias são um superpoder. Ele sabe muito sobre tudo o que está acontecendo no mundo e como acessar essas informações, mas está movido por uma quantidade absurda de luto. Isso foi o bastante para construir esse personagem. Eu tentei deixar a tecnologia de lado, apenas como uma ferramenta", conclui Rami Malek.