Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Espetáculo de maravilhas

'Alice' gira em torno de 23 vinhetas com o DNA artístico do coreógrafo Moses Pendleton | Foto: Sharen Bradford/Divulgação

"Não pretendo contar toda a história de Alice, mas usá-la como ponto de partida para a invenção", diz o coreógrafo Moses Pendleton, fundador do Momix há 44 anos. Pois é a sua visão e inspiração de "Alice no País das Maravilhas", o clássico de Lewis Carrol (1832-1898), que estão em "Alice, o Espetáculo" que se apresenta neste sábado e domingo (22 e 23) no Qualistage.

O trabalho gira em torno de 22 vinhetas curtas baseadas em adereços e figurinos que com a caixa de ferramentas mágicas de Pendleton conjura uma viagem surreal de Alice, ao entrar pela toca do coelho e através do espelho, no mundo encantado do País das Maravilhas criado por Carroll. O resultado é uma impressionante variedade de sensações. 

 

Inventividade é a marca registrada

A nova montagem do Momix tem sua narrativa calcada em 24 esquetes | Foto: Sharen Bradford/Divulgação

O Momix é internacionalmente consagrado por apresentar obras de inventividade e beleza física suas extravagâncias ilusionistas, quase mágicas que seus artistas fazem com o corpo, assim como na beleza da natureza, da música, da cenografia e da própria vida, e são cuidadosamente elaboradas para assimilar uma multiplicidade de elementos em cada espetáculo. Pendleton combina os corpos esculturais de seus dançarinos com figurinos e adereços incomuns, colocando-os em cena com efeitos surpreendentes de luz, e finalmente completa tudo com uma trilha sonora única, que mistura clássicos com rock, new age e E-music.

Ao transformar a saga da menina vestida de azul com seus laçarotes,extremamente curiosa, em um conto, Pendleton já aplica os seus princípios à cena de abertura. Contra a projeção de um rio e uma paisagem verdejante, a primeira das Alices) está sentada em uma escada suspensa horizontalmente, lendo um livro estampado com o nome de sua personagem. A escada começa a girar (ajudada por outro artista), enquanto seus pés roçam o chão em um movimento leve e saltitante. Assim começa sua descida.

O resultado é uma impressionante variedade de inventividade. "Alices" em tamanho real ficam enormes e giram loucamente; "Alices" são sugadas por tubos; uma banda de coelhos selvagens aterroriza; e a Lagarta desliza e salta enquanto dançarinos em sapatos vermelhos manobram bolas azuis. Há uma aranha branca gigante, rosas no ar, lagostas de saias, truques com espelhos e um personagem "Monty Pythonesco" cujos membros gradualmente desaparecem, deixando-o apenas com seu torso no chão.

Ao se brincar com o significado da expressão "the rabbit hole" - entrar em um estado mental ou físico que exigirá muita resiliência ao longo da caminhada - o que vemos é um conjunto estonteante de mudanças, cores, luzes e corpos que resistem aos movimentos mais difíceis para proporcionar à platéia 90 minutos de beleza.

SERVIÇO

ALICE, O ESPETÁCULO

Qualistage (Av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca)

22/6, às 16h e 21h, e 23/6, às 15h

Ingressos: R$ 400 (setor 1 e camarote A), R$ 260 (setor 2 e camarote B), R4 190 (setor 3 e camarote C), R$ 170 (setor 4 e poltronas), R$ 150 (setor 5) e R$ 39,60 (promocional, com ingressos limitados)