Linguagens corporais exploradas
Cia Talvez, do Equador, se apresenta pela primeira vez no país e oferece oficinas gratuitas sobre suas técnicas
Com 15 anos de trajetória, a companhia equatoriana de dança Talvez faz a sua estreia no Brasil, com a promessa de instigar o público a participar ativamente de suas atividades entre os dias 26 e 30.
A proposta do grupo, dirigido pela coreógrafa Marcela Correa, é explorar as linguagens da improvisação a partir de obras que buscam construir plataformas interativas multidisciplinares com os espectadores, que se envolvem emocionalmente e sensorialmente com as criações.
Nesta temporada carioca, a Cia Talvez vai apresentar o espetáculo "Ouroboros" (29 e 30/6), a desmontagem crítica de "Ouroboros" (26/6), a performance itinerante "Do trajeto ao ato: aparições instantâneas" (27/6) e vai oferecer a oficina Escuta Corporal para Improvisação Cênica (27/6). Todas as atividades são gratuitas.
A programação inaugura o novo projeto do selo artístico Celeiro Moebius, o Encruzilhadas Latinoamericanas, que propõe um intercâmbio de artistas da dança, da performance e do teatro que tenham uma implicação ética-estética-política com a produção artística na América Latina.
A iniciativa do selo tem concepção e direção da bailarina, coreógrafa e pesquisadora-docente das artes cênicas Aline Bernardi, que deseja fomentar uma rede de troca de saberes, fortalecendo os cruzamentos e os encontros entre artistas latino-americanas/os.
"A Cia Talvez comemora 15 anos de trabalho investigativo em linguagens do corpo, do movimento e da cena. Nessa trajetória, definimos duas linhas de investigação: a escuta corporal como linguagem cênica e a ressignificação da relação performer/espectador. Com nosso trabalho consolidado no Equador como um grupo experimental e inovador, procuramos agora levar nossa pesquisa para outros países da América Latina: como nossa proposta se insere em outras realidades culturais e artísticas? Quais serão as leituras da nossa encenação face a diferentes compreensões do trabalho corporal e da dança? Como nossas perspectivas de pesquisa mudarão à medida em que mergulharmos em outros círculos artísticos, diante de públicos com outras compreensões do mundo e da arte?", indaga a coreógrafa Marcela Correa.
"Ouroboros" questiona a aparentemente interminável busca humana por fazer/produzir/progredir/projetar/criar atos em que cada um de seus indivíduos parece se envolver vorazmente e sem reflexão. Criado na linguagem da improvisação, a obra reflete sobre o fato de a humanidade insistir em encontrar algo para se projetar, para se agarrar, talvez. Quais são os objetivos individuais e coletivos para os quais a humanidade está se projetando com uma velocidade cada vez mais vertiginosa? A busca interminável por algo chamado progresso? Para onde acreditamos estar indo, não apenas como humanidade em sua complexa interconexão, mas também como seres singulares? Por que, nesse avanço cada vez mais frenético, foi estabelecida uma distância com todos os outros seres viventes do planeta, tal qual uma distância entre pessoas?
Em "Ouroboros", há uma paisagem em círculo contínuo na qual intérpretes/performers repetem um caminho que não leva a lugar algum, desenhando um círculo sem fim. O público é convidado a se virar na direção oposta à das/os artistas, se envolvendo, de forma perceptível e imperceptível, com o ritmo, as ações e os sentimentos das/os intérpretes.
SERVIÇO
CIA TALVEZ
2/6, das 9h às 12h: Desmontagem crítica do espetáculo Ouroboros - UFRJ (Campus Fundão - CCMN - Auditório Cema - Av. Athos da Silveira Ramos, 274, Bloco F).
27/6, das 10h às 13h: Oficina Escuta Corporal para Improvisação Cênica -
Centro Coreográfico (Rua José Higino, 115 - Tijuca)
27/6, às 16h: Performance itinerante "Do trajeto ao ato: aparições instantâneas" (ponto de encontro para o início: porta do Forte de Copacabana, às 15h45)
29 e 30/6: às 19h (sab) e 18h (dom), no Centro Coreográfico (Rua José Higino, 115 - Tijuca)
Ingressos: gratuitos