O sonho de menina que se realiza

Filha de vendedor de rua e costureira, Márcia Jaqueline dança contra as adversidades para se tornar uma bailarina respeitada na cena internacional

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Cícero Gomes e Márcia Jaqueline nos ensaios de 'La Fille Mal Gardée'

De origem humilde, filha de um vendedor de rua e de uma costureira, Márcia Jaqueline, Primeira Bailarina do Theatro Municipal, passou muito perrengue até alcançar este cargo. Ainda estudante da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, a bailarina de Inhoaíba, na Zona Oeste, contava as moedas para pagar as passagens de ônibus, junto com sua mãe. Sempre driblando as dificuldades financeiras, as duas enfrentavam grandes caminhadas, debaixo de chuva ou de muito calor, no trajeto da Central até a Escola. Mas todo este esforço valeu a pena. Marcinha como é conhecida pelos amigos e colegas, ama o que faz e revela o seu verdadeiro amor.

"Dançar é libertador… é ser o que eu quiser, sentir tudo sem medo de nada", afirma ela, que volta ao palco do Municopal na atual tempoorada de "La Fille Mal Gardée", no mesmo papel de 20 anos atrás.

'La Fille Mal Gardée' é um balé cómico em três atos e três quadros, tendo sido representado pela primeira vez em Bordeaux (França), em 1789. Foi produzido e coreografado por Jean Dauberval sobre temas musicais de vários compositores, entre eles o francês Ferdinand Hérold (1791-1833). Narra o romance de Lisa, filha de Simone, uma rica fazendeira, com o camponês Colas. Este é despedido, pois Simone pretende casar sua filha com Alan, filho do rico Thomas.

Em julho do ano passado, Márcia Jaqueline teve o rompimento de ligamentos durante um ensaio e precisou parar tudo. Após uma cirurgia bem-sucedida, passou a fazer intensa fisioterapia e somente agora está apta para subir ao palco novamente.