Câmbio é um termo que é usado quando se fala em troca. Algo por outro, moedas, mensagens como "Aqui, câmbio". Mas nenhum deles traduz ganho real, troca de emoções, ganho de conhecimento, fazer diferença. O projeto Câmbio, com a potente e criativa curadoria e produção de Cesar Augusto e Jonas Klabin, tem há mais de 10 anos feito trocas em vários tipos de circunstâncias. Todas sempre inovadoras, um toma lá da cá que mistura artistas, públicos ,artes de todas as formas, indo de Nova Iorque, México até a escadaria Selerón, local da sede da Cia dos Atores, onde César, fundador do Grupo, nos presenteia sempre com o que há de melhor
Com foco na dança, o espetáculo "Isso não é uma Dança", indicado ao Prêmio VSCD Mime/Performance 2024, se apresenta gratuitamente nesta quarta e quinta-feiras (28 e 29), na Sede da Cia. dos Atores.
A obra, nunca antes apresentada na América do Sul, é criação da diretora, coreógrafa e performer Nastaran Razawi Khorasani, iraniana radicada na Holanda da encenação desenvolvida a partir de uma residência artística entre Nastaran e a iluminadora brasileira Adriana Ortiz - que vai colaborar na criação de uma nova iluminação e cenografia para o espetáculo.
No Irã, a dança foi oficialmente proibida desde o início da Revolução Islâmica (1979). Todas as companhias de dança foram forçadas a cessar suas atividades. Nastaran Razawi Khorasani apresenta uma performance de dança que lida com a censura. É uma homenagem ao corpo que quer se mover, um tributo à arte que simplesmente deve ser feita, de qualquer maneira ou formato. O que pode ser mostrado, o que deve permanecer oculto? À medida em que a música e as luzes se transformam em um frenesi, Nastaran tenta manter seu corpo dançante sob controle, enquanto traz para o palco as vozes de coreógrafos e bailarinos que vivem no Irã.
Câmbio é a possibilidade de diversas trajetórias Com curadoria e produção de Cesar Augusto e Jonas Klabin, diversas ocupações, festivais e curadorias entre 2010 e 2015 aconteceram no Rio. A primeira edição ocupou o Teatro Estadual Glaucio Gill, de 2010 a 2011; e a segunda, o Teatro Municipal Café Pequeno, de 2012 a 2015. Nos dois teatros, os palcos foram reestruturados e a curadoria criou programações diversificadas, incluindo teatro, música, dança, cinema e festivais. Na primeira edição, foram 60 espetáculos, 394 sessões, 23 mil espectadores e uma nomeação na categoria especial do Prêmio APTR de 2011. Já na segunda, foram cerca de 100 espetáculos, 720 sessões e 60 mil espectadores.
Em 2021, em meio à pandemia, o projeto retomou atividades em formato virtual. A estreia on-line foi em fevereiro com duas performances da Stephen Petronio Company (EUA), acompanhadas de um bate-papo com a diretora Monique Gardenberg. Em novembro, a edição on-line ganhou continuidade com a exibição de "La Codista.doc", documentário sobre o processo de criação da adaptação brasileira da peça "La Codista", da dramaturga holandesa Marleen Scholten. O outro projeto exibido foi a performance de dança "Round Midnight/Hora Zero" - um intercâmbio artístico entre os coreógrafos Arno Schuitemaker, holandês, e Cristina Moura, brasileira.
A terceira edição pós-pandemia foi realizada inteiramente presencial e gratuita na Sede da Cia. dos Atores, entre agosto e setembro de 2022, e contou com residências de intercâmbio do grupo italiano de teatro de manipulação "Unterwasser", e do coreógrafo israelense e italiano Andrea Costanzo Martini.
Em 2024, Cesar Augusto e Jonas Klabin foram responsáveis pela curadoria da programação de teatro, música, dança e audiovisual representativa do Brasil como país convidado de honra do Festival Internacional Cervantino de 2024, em Guanajuato, México, produzido pela APPA Cultura e Patrimônio e com o apoio do Instituto Guimarães Rosa. E fiquem de olho no que vai acontecer em 2025.
"O projeto de residências CÂMBIO promove a interação entre artistas internacionais e locais, gerando criações baseadas na troca de experiências. Nesta edição, realizada na Sede da Cia dos Atores, a participação de Nastaran Razawi Khorasani permitiu aprofundar temas da dança contemporânea, com foco em iluminação e tecnologia, área em que a iluminadora Adriana Ortiz garante alinhamento com nossos objetivos artísticos e curatoriais.", finaliza Cesar Augusto.
