Os artistas André Curti e Artur Luanda Ribeiro criaram a Cia Dos à Deux há pouco mais de 25 anos, na França, com uma linguagem única que une dança, teatro, circo, artes cênicas, mímica e artes plásticas. "Enquanto você voava, eu criava raízes", trabalho mais recente da dupla, traz essa combinação na forma de criar e conquistou prêmios na APTR e Shell, foi indicada em categorias na Cesgranrio e APCA - Associação Paulista de Críticos de Artes. Agora, a peça faz nova temporada no Teatro Adolpho Bloch, a partir desta quinta-feira (9).
André e Artur assinam a dramaturgia, cenografia, coreografia, encenação e performance da montagem. Essa linguagem, elaborada a partir de temas de seus espetáculos e com bastante precisão técnica, lança o público na magia do teatro.
Em "Enquanto você voava, eu criava raízes" não é diferente, o corpo é o guia da partitura e a fonte de leitura do trabalho. As cenas se completam e transitam entre o onírico e a realidade: uma experiência que traz à tona alguns conteúdos do inconsciente coletivo e, ao mesmo tempo, reflete diretamente nas particularidades de cada um. Cada espectador é convidado a acessar o que há de profundo dentro de si, em assuntos a um só tempo singulares e universais. O corpo, o visceral, o medo, a solidão, a alma, a reconciliação, a luz, a cura, a morte, a vida. E, enfim, a integração. "Para mim, nesse espetáculo, ficamos à beira do abismo desde o início", diz André. "São os abismos que temos dentro de nós, essa sensação de vazio permanente, de que há algo dentro se abrindo e um outro eu está caindo dentro de si", completa Artur.
No palco, os artistas não dizem nenhuma palavra. Nesse trânsito entre linguagens, os significados também se apresentam diversos e chegam ao público em camadas múltiplas e plurais. Um espetáculo sensorial entre sonho e realidade, em que o público é lançado a um emaranhado de sombras e luzes, diante do imensurável, da imensidão e do mistério do abismo.
As imagens projetadas, criadas pelo diretor de fotografia Miguel Vassy e pela artista plástica Laura Fragoso, dialogam com a dramaturgia, assim como a música original criada por Federico Puppi ajuda a construir a magia desse universo.
Desde a estreia em 2022, o espetáculo fez quatro temporadas de sucesso no Rio. Em 2023, fez sua primeira temporada em São Paulo e participou do Festival de Teatro de Curitiba e do Cena Contemporânea, em Brasília. E esteve em cartaz durante um mês na França, no Festival de Avignon.
SERVIÇO
ENQUANTO VOCÊ VOAVA, EU CRIAVA RAÍZES
Teatro Adolpho Bloch (Rua do Russel, 804 - Glória)
De 9/1 a 23/2, de quinta a sábado (20h) e domingos (18h)
Ingressos entre R$ 40 e R$ 120