Fotocrônica: Segunda-feira

Por Carlos Monteiro | Textos e fotos

FotoCrônica 29/11/2024

Odeio segunda-feira! O genial cinismo do personagem-gato, Garfield, felino preguiçosíssimo e manhoso, comedor de lasanhas inteiras, que tripudia de seu dono, o fracassado John Arbuckle, brada aos quatro cantos este bordão. Criado por Jim Davies, o felídeo destila seu ódio mortal pelas segundas!

Não o condeno, nesse quesito, o simpático e, ao mesmo tempo, mal-humorado gato tem uma infinidade de seguidores e 'compactuadores'.

É um dia tão estigmatizado que já de cara é de segunda! Deveria ser primeira-feira, mas não é! Há tempos, conversava com um professor de português para estrangeiros que me dizia como era difícil explicar esta, sem-sentido, série. Seus alunos achavam que os dias da semana formavam uma sequência lógica a partir de domingo; primeira-feira... até chegar no sábado-feira. Não os culpabilizo, não tem muita lógica mesmo, a não ser pelo fato da 'chatice' específica do dia.

Quem concebeu os nomes para o calendário semanal, na língua portuguesa usou, sim, a congruência. A criação remonta a Idade Média. O domingo, do latim dies Dominica, é considerado o último da semana pelos cristãos. É o dia consagrado ao Senhor, quando Deus descansou da criação do mundo. Era no dia da missa onde havia maior acúmulo de pessoas. Os agricultores, que não eram bobos nem nada, iam para porta das igrejas e seus entornos oferecer seus produtos. Daí, as referências às 'feiras'.

As segundas, realmente, não são lá muito bem-vindas. o "Pagode da Saideira", imortalizado na voz de Martinho da Vila - composição de Duque do Surdo e Gracia do Salgueiro, manda o recado: "Eu não vou tomar mais saideira / Segunda-feira / Tenho que ir trabalhar...". Pois é, parece que a segunda, é assim, uma espécie de estraga prazeres. É meio sem graça. Aquela que fica marcando colado, te chamando à razão quando, o que você mais quer é não ter razão e sim ser feliz!

Robinson Crusoé, é personagem quase homônimo do romance, escrito por Daniel Defoe, "As aventuras de Robinson Crusoé. Figura principal da obra, depois de vagar solitário pela ilha onde havia naufragado, encontra um nativo cujo nome foi dado por ele: pimba, 'Sexta-feira', o dia mais feliz da semana! Não batizou com outro, preferiu se basear naquele dia, felizão, quando encontrou seu melhor amigo! A velha máxima funciona; "nunca fiz amigos na segunda" - se não existe, acabo de inventar!

Chico Buarque tem um samba composto, lá pelos idos dos anos 68 do século passado retratando este dia: "Até segunda-feira". Sei que a noite inteira eu vou cantar / Até segunda-feira / Quando volto a trabalhar, morena / Sei que não preciso me inquietar / Até segundo aviso / Você prometeu me amar...".

Não chego a odiar a segunda-feira, mas, os meus queridíssimos e fiéis leitores hão de concordar: ôh dia chato!