POEMAS DE 'RAIO'

Por

Risco

Mal começo a esboçar este poema

que às três horas da madrugada insiste em ser escrito

penso na fábula da garça (existirá tal fábula?)

que arranca da garganta do lobo fatal um espinho

e de relance pressinto que o poema - este -

que risco para salvá-lo de não ter existido

há de me matar com seu destino

Caroca

O Pão de Açúcar era muito antigo

quando nele puseram olhos os primeiros tupinambás

e se espantaram. Muitas luas depois vieram as espingardas

que falavam línguas afastadas.

Os sangues dos marinheiros e das baleias

se diluíram na água da baía

mas o morro do Castelo continua lá

assombrando o futuro.