Por: Olga de Mello | Especial para o Correio da Manhã

Um exemplode superaçãopela artee pelo amor

Capa de Anjo do Violino | Foto: Diculgação

Uma breve e marcante história de vida torna-se um comovente livro, que chega às livrarias nesta segunda-feira (4), quando o radialista Josimar Salles lança "Anjo do Violino: Lágrimas de Gratidão" (Gôndola/Lacre, R$ 49,90), com relatos da família e de amigos de Diego Frazão Torquato, o jovem violinista da Orquestra de Cordas do AfroReggae, vítima de leucemia aos 12 anos, em 2010.

A fotografia de Diego tocando seu instrumento, às lágrimas, no enterro do coordenador da ONG AfroReggae, Evandro João da Silva, assassinado em e um assalto no Centro do Rio, impressionou Salles. O registro da cena, do fotógrafo Marcos Tristão, está na capa do livro, que será lançado na Livraria Travessa do Barra Shopping, na Barra da Tijuca.

Meses depois do registro fotográfico, Diego faleceu, vítima da uma leucemia aguda. Sua vida foi marcada por problemas de saúde. Nascido prematuramente, ele já tivera meningite e tuberculose na primeira infância. Ao apelido "Azul", o menino de Parada de Lucas pôde acrescentar o de "Diego do Violino", quando se dedicou a estudar o instrumento, tornando-se a estrela da orquestra.

Procurando histórias inspiradoras para seu programa de rádio, Josimar Salles encontrou a imagem de Diego na despedida do professor do AfroReggae. Decidiu publicá-la em suas redes sociais, alcançando, em dez dias, mais de 10 milhões de visualizações. Imaginou, então, reunir relatos sobre o menino e destinar parte do obtido com as vendas do livro para a família de Diego Frazão Torquato.

Ao Correio da Manhã, Salles falou sobre sua pesquisa e o impacto que a história do jovem violinista pode causar em outras vidas.

Qual legado Diego nos deixa?

Josimar Salles - O maior de todos os legados que Diego nos deixou é a alegria, expressa em lágrimas de gratidão. É possível ser feliz, mesmo nascendo em uma família muito humilde, em uma comunidade cercada pela violência, independentemente da cor da pele. A cultura, o esporte, enfim, os projetos sociais são verdadeiros instrumentos de transformação e realização de sonhos.

A história de Diego pode derrubar o muro de indiferença construído em torno do sofrimento dos mais carentes?

Não tenho a pretensão de derrubar muros, mas gostaria de ajudar a construir pontes, ligar os diversos segmentos da sociedade em torno de projetos que possam alcançar crianças, jovens e suas famílias. Precisamos compreender que as armas de fogo não resolvem, pelo contrário trazem sofrimento, angústia e medo. No lugar do fuzil precisamos entrar com o violino, a música, a cultura. Já existem importantes projetos, ainda deficientes e com pouco apoio. Enquanto não compreendermos a necessidade dos investimentos, reais, em educação e cultura, gerando oportunidades de crescimento e igualdade, cada dia mais seremos vítimas da violência, praticada na maioria das vezes por quem tornamos invisíveis.

Como foi sua experiência ao buscar depoimentos para retratar a trajetória de Diego?

Passei cerca de seis meses de pesquisas e entrevistas. A internet é uma poderosa ferramenta de consulta. Tive a oportunidade de conhecer pessoas e projetos fantásticos que acontecem no Brasil. Assisti, em São Paulo, a uma apresentação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, com a direção artística do maestro Isaac Karabtchevsky, decano da regência no país. Foi a primeira orquestra no mundo criada para jovens de uma favela. Diego era um garoto preto, pobre, que morava em uma comunidade cercada pela violência e pela desigualdade e, mesmo diante dessa realidade, mostrou seu talento e serviu como inspiração para tantas outras crianças. Esse período curto em que ele esteve entre nós deve servir de estímulo para quem, mesmo diante das piores situações, consegue encontrar motivos para sorrir.

 

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