O escritor Antonio Prata venceu o Jabuti de melhor livro de crônicas com "Por Quem as Panelas Batem", reunião de textos leves sobre a política brasileira publicados na imprensa nos últimos anos.
O gaúcho João Gilberto Noll, morto em 2017, venceu postumamente a categoria de contos por "Educação Natural", somando a uma estante que já detinha seis Jabutis. Ele foi representado no palco por sua filha e pelo editor Rodrigo Lacerda, da Record.
Em seu discurso, a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Sevani Matos, lamentou a queda no número de leitores no país nos últimos anos e defendeu a "urgência do investimento em políticas públicas voltadas a promoção da leitura". Citou a importância da regulamentação da Política Nacional de Leitura e Escrita, uma demanda antiga do setor.
Pouco depois no mesmo palco, Anita Gea Martinez Stefani, diretora que representava o Ministério da Educação, assegurou que o presidente Lula faria isso "em breve", ao que foi intensamente aplaudida, ao que acrescentou que o governo acreditava mais em um país de livros que de armas, um contraste para marcar a primeira cerimônia do Jabuti após o governo Jair Bolsonaro.
O Jabuti divulgou os vencedores de suas 21 categorias, que incluem agora uma especificamente voltada a escritores estreantes, com que a curadoria do prêmio afirma ter intenção de estimular a entrada de novos autores no mercado.
O prêmio ficou marcado este ano, contudo, pelo ruído causado pela inclusão -e depois desclassificação- de uma ilustração feita por inteligência artificial.
A edição de "Frankenstein" do Clube de Literatura Clássica foi ilustrada pelo designer Vicente Pessôa com ajuda da ferramenta Midjourney, que estava listada nos créditos, mas os jurados disseram não ter se dado conta.
Os finalistas e vencedores são escolhidos por uma equipe de três jurados por categoria -o editor da Ilustrada, Silas Martí, participou da categoria de projeto gráfico--, selecionados por um time curatorial da Câmara Brasileira do Livro capitaneado este ano pelo educador Hubert Alquéres.
Depois da repercussão do caso, o Jabuti decidiu retirar a indicação de "Frankenstein" e soltou uma nota dizendo que faria uma discussão mais aprofundada sobre a permissão ou não do uso de inteligência artificial nas próximas edições.
O prêmio Jabuti existe desde 1958 e se firmou rapidamente como principal referência na escolha anual dos destaques da literatura e produção editorial brasileira.
O prêmio principal, para aquele é eleito o livro do ano, tem uma remuneração de R$ 70 mil, menos que os R$ 100 mil concedidos em anos anteriores. Mas agora a CBL levará quem ganhar para uma viagem à Feira de Frankfurt, importante mercado de venda de direitos de publicação internacional. Os premiados em cada categoria específica levam R$ 5 mil.