Stephen King, a maior referência do terror contemporâneo

Após algumas adaptações apelativas de suas obras para o cinema, autor tem sido levado mais a sério em sua nova safra de contos

Por André Araújo (Folhapress)

Ao investir na dúvida, e não na exposição, 'Mais Sombrio', novo livro de Stephen King, acena a uma tradição mais realista da literatura americana

A obra de Stephen King vem recebendo uma espécie de reavaliação crítica nos últimos anos, e grande parte dos motivos para tanto estão presentes em sua nova coletânea de contos, "Mais Sombrio".

Por um período, a obra de King foi dispensada como mera literatura de entretenimento, muito devido a um conjunto de adaptações cinematográficas apelativas, mas também devido a qualidade desigual entre seus numerosos livros.

Entretanto, a geração contemporânea de autores e autoras de horror, em especial de origem latino-americana como Mariana Enríquez e Mónica Ojeda, não se furta em citar King como influência inescapável, não apenas do ponto de vista de sua presença massiva no mercado, mas também por suas capacidades literárias, seus temas e seu modo específico de usar o gênero como ferramenta de crítica social e investigação psicológica.

As 12 histórias presentes em "Mais Sombrio" não deixam dúvidas quanto a isso. Composta por dez contos curtos e duas longas novelas (maiores que muitos romances publicados nos últimos tempos), "Mais Sombrio" também peca por uma certa irregularidade característica de King, mas no conjunto compõe uma poderosa e revigorante leitura da sociedade americana, com todas suas mazelas, contradições e impasses.