Com uma vida dedicada ao ensino, pesquisa e educação na área da música, responsável por livros que se tornaram cânones na musicologia brasileira, a musicóloga Ermelinda Paz direciona, desta vez, seu olhar pra si, convidando o leitor a explorar o seu imenso universo particular. Em "Uma quase biografia em tom e semitom" (Editora Irmãos Vitale), a pesquisadora vai além dos detalhes encontrados em sua página na internet e no Lattes, como a infância em Realengo, o amor pela Mocidade Independente, o convite para ser jurada da Liesa, a entrevista despojada com Tom Jobim e até as recentes alegrias como Vovó Linda, seu alterego responsável pelo resgate e regravações de dezenas de canções infantis do Brasil e do mundo - no terceiro volume do álbum "Cantando e brincando com Vovó Linda" em que cantou em 17 idiomas diferentes, mergulhando em um cancioneiro folclórico de países como Hungria, Tchecoslováquia, China, dentre muitos outros.
Neste seu novo livro "quase autobiográfico", a autora não apenas descreve sua vida profissional e suas conquistas, mas também conduz o leitor por corredores pouco iluminados, revelando aspectos íntimos e pessoais que muitas vezes permanecem ocultos, até mesmo para aqueles mais próximos.
Seu longo e detalhado estudo é dividido em duas partes: na primeira, a autora relata e avalia com emoção, sua infância, juventude e formação profissional; na segunda, mergulha nos universos da musicologia e da pedagogia musical dos séculos XX e XXI, em particular a brasileira, detendo-se particularmente nos procedimentos pedagógicos que emprega no campo da percepção musical.
Na área da Musicologia, a pesquisa de Ermelinda, extensa e rica, volta-se para a temática brasileira, com um olhar atento para Villa-Lobos e sua relação música popular/erudita, por ele incansavelmente explorada enquanto compositor e educador. Em diversos capítulos de "Uma quase biografia em tom e semitom", a autora comenta os livros que escreveu, entre eles "Villa-Lobos, Sôdade do Cordão", "Villa-Lobos e a música popular brasileira" e "500 Canções Brasileiras".
"Escrever a respeito de si mesmo é sempre um risco de nos tornarmos enfadonhos e desinteressantes... mas esse risco, Ermelinda não corre e, ao contrário, consegue nos deliciar, pela maneira pitoresca com que relata episódios de sua infância e juventude", opina Marisa Trench de Oliveira Fonterrada, professora e pesquisadora da Unesp.