Está chegando a hora. Lojas cheias, trânsito insuportável, supermercados lotados. Dezembro é o mês do calvário do consumidor, com todos, incluindo ateus e não cristãos, imbuídos do espírito da data comercial. Para não ser o esquisitão da festa da firma, do amigo oculto e da ceia de família, evitando, ainda as aglomerações no comércio, vale procurar a livraria de rua ou até a compra online, fazendo a alegria de seu presenteado. Afinal, sempre existe um livro perfeito para cada leitor.
"Quem pode amar é feliz" (Record, R$ 89,90) reúne textos assinados pelo alemão Herman Hesse, Prêmio Nobel de Literatura de 1946. Pacifista, radicou-se na Suíça logo após a Primeira Guerra Mundial. Romancista celebrado, nessa antologia há contos, ensaios, aforismos e até cartas, enfatizando três formas de amor: as paixões da juventude, a experiência da maturidade e a dedicação à humanidade.
"Siríaco e Mister Charles" (Gryphus, R$ 79,90) rendeu o prêmio Oceanos 2003 ao escritor caboverdiano Joaquim Arena. Terceiro romance de Arena, e primeiro publicado no Brasil, ele narra a amizade entre dois personagens reais, um velho ex-escravizado Siríaco com o jovem naturalista Charles Darwin, que passa por Cabo Verde em 1932. Siríaco, que sofria de vitiligo, tinha boa educação e integrava a chamada "corte exótica" da rainha portuguesa D. Maria I, dentro de um grupo de doze anões africanos. Fugindo de Napoleão, a caminho do Brasil, em 1807, os aristocratas portugueses param em Cabo Verde, onde Siríaco, nascido no Brasil e levado em criança para Portugal, decide ficar.
No comovente "Como amar uma filha" (Intrínseca, RS 54,90), a israelense Hila Blum trata da dependência emocional materna e da dificuldade em enfrentar o famoso ninho vazio. Yoela, a mãe, sai em busca da filha Lea, que, adulta, deixou a casa sem dar satisfações sobre seu destino. Yoela quer entender a razão desse abandono e conhecer as netas, que observa de longe, quando descobre o endereço de Lea.
Em "O que transforma a gente? Breves reflexões para mudanças profundas" (Planeta, 59,90), a atriz Beth Goulart analisa todas as conotações da palavra "transformação" a partir de sua própria vivência e aprendizado ao longo de 50 anos de carreira, trazendo as constantes mutações e aperfeiçoamentos pessoais.
Deus e o diabo na terra dos cedros (Tabla, R$ 73) revisita a história contemporânea do Líbano a partir do fim do período otomano até a atualidade, cobrindo os principais eventos e turbulências que afetaram o país. através de dez artigos de pesquisadores brasileiros. Organizado por Murilo Meihy e Samira Adel Osman, o livro reúne artigos de diversos especialistas brasileiros, que analisam impactos do imperialismo e do colonialismo na formação do Líbano, o processo de conquista libanesa de sua independência e o sectarismo que perpassa toda a história recente do país, incluindo os quinze anos sangrentos da Guerra Civil, a questão dos refugiados, a relação entre produção artística e documentação histórica, entre outros temas.
"Árido - Histórias de outras vidas secas" (Rocco, R$ 49,90) reúne textos de cinco escritores contemporâneos - Ana Paula Lisboa, Cristhiano Aguiar, Fabiane Guimarães, José Falero e Tanto Jupiassu -, cada um representando uma região brasileira. Os autores se inspiraram em "Vidas secas", de Graciliano Ramos, para escrever sobre um povo que ainda encara os mesmos desafios retratados no romance de 1938: fome, miséria, solidão, violência e abandono. Trechos do clássico servem como epígrafes para os contos que mostram acadêmicos estudando pinturas rupestres, sem dar atenção à população da localidade onde estão as cavernas, o desespero de quem mora à beira de um rio quando as chuvas aumentam o volume da água, a morte por bala perdida numa metrópole, entre outros temas.