CRÍTICA LIVROS: Ainda a lista de Natal
Reta final das compras da época mais comercial do ano!!! Para fazer bonito no amigo oculto e na reunião da família, vale distribuir livros. E vão aqui alguns bons títulos.
Deslocamento, opressão, angústia - sensações que caracterizam algumas das obras da espanhola Sara Mesa - invadem o leitor que abrir"A família" (Autêntica Contemporânea, R$ 64,90). Um homem faz de sua família um projeto de dominação. O mundo externo não pode modificar a ordem estabelecida por esse pai, que, no entanto, leva à criação de uma rede de mentiras, única maneira que a mulher e os quatro filhos têm para resistir dentro do ambiente de falsa felicidade imaginado pelo patriarca. imaginado pelo patriarca. Lançado em 2022, o livro ganhou prêmios da crítica espacializada em seu país.
Contos, crônicas, recordações, ficção ou memórias se complementam para criar a reflexão amorosa de um pai contemporâneo em "Literatura infantil - Cartas ao filho" (Companhia das Letras, R$ 69,90), do chileno Alejandro Zambra. Como muitos homens de classe média da atualidade, a paternidade, para Zambra, não é uma consequência social ou biológica natural, mas um momento de ruptura com a vida autocentrada - e que chega tardiamente, depois dos 40 anos de idade. Emoções que jovens pais experimentam, mas nem têm tempo para compreender diante das obrigações do dia a dia, são documentadas pelo escritor desde os vinte minutos de vida do filho, quando uma enfermeira comenta a dificuldade de respiração dos recém-nascidos. Ali, o enlevo do encontro com o bebê é transformado em preocupação com a responsabilidade por aquela criança, que, no colo do pai forma uma única sombra na parede, observa Zambra no primeiro dos belos textos que compõem um retrato terno da nova família.
Um retrato real de uma comunidade de mafiosos de Nova York, adaptado para o cinema por Martin Scorcese, "Godfellas - Os bons companheiros" (Darkside, R$ 69,90), do jornalista Nick Pileggi, traz a trajetória de Henry Hill a serviço da família Lucchese, uma das mais poderosas da cidade. Depois de 30 anos na organização criminosa, Hill entrou para o programa de proteção a testemunhas e decidiu contar sua vida como trambiqueiro e criminoso profissional - de falsificador de documentos, a fraudador de corridas de cavalos, contrabandista e ladrão. Pileggi dividiu o roteiro do filme com Scorcese, que assina o prólogo do livro.
Mestre dos thrillers, a americana Tess Gerritisen explora um dos nichos literários mais recentes: o do grupo de espiões aposentados que volta à ativa quando um deles corre perigo. A espiã (Faro Editorial, R$ 59,90) é Maggie Bird, frequentadora do Clube do Martini, que reúne outros ex-agentes da CIA, todos radicados em um lugarejo no interior dos Estados Unidos, para beber e discutir literatura. Quando um corpo de uma pessoa assassinada é deixado na frente da casa de Maggie, os amigos decidem investigar as causas, sem dar satisfações ou mencionar o passado de cada um para a chefe de polícia legal.
Organizado por Pedro Correa do Lago, "Iconografia baiana na Coleção Flávia e Frank Abubakir" (Capivara, R$ 195) traz raros e importantes representações pictóricas da Bahia entre os séculos XVII e XIX. A maior e mais importante coleção particular do país sobre o tema tem óleos, aquarelas, sketchbooks, gravuras, livros ilustrados e alguns dos primeiros mapas do Brasil. Primeira capital do Brasil colônia (até 1763), já havia sido visitada por artistas, navegadores e exploradores, que reproduziram em imagens paisagens e personagens. O livro, que enfatiza a diversidade de interesses dos artistas estrangeiros pelas terras e populações baianas, traz textos de sete especialistas que analisam as obras selecionadas. Flávia e Frank Abubakir iniciaram a coleção, iniciada há mais de vinte anos a fim de contribuir para a memória, a pesquisa e a preservação da arte que retrata a Bahia.