Iniciada no dia 19, a Mostra de São Paulo encerra suas atividades no dia 1° de outubro, quando anuncia seus vencedores. Mas, até lá o evento promete uma série de atrações que se candidatam a cult. Confira a seguir o que há de imperdível.
DANCE PRIMEIRO, de James Marsh: Gabriel Byrne brilha neste retrato das facetas do escritor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989): bon-vivant parisiense, combatente da resistência durante a Segunda Guerra Mundial, vencedor do Prêmio Nobel, marido infiel, homem recluso. Apesar de ser um artista aclamado mundialmente, Beckett era profundamente consciente das próprias falhas. Em crise após receber o Nobel de Literatura em 1969, ele passa a examinar a vida e as escolhas que fez. Foi o longa de encerramento do Festival de San Sebastián. Circuito: hoje (sexta), Kinoplex Itaim 2, 14h.
TOLOS SÃO OS OUTROS, de Tomasz Wasilewski: O realizador de "Estados Unidos do Amor" (2016) encara fantasmas do etarismo ao falar de uma paixão intergeracional. Nor agumento que escreveu e filmou, Marlena (Dorota Kolak), uma mulher de 62 anos de idade, e Tomasz (Lukasz Simlat), de 42, vivem felizes e isolados do mundo numa pequena cidade do litoral. Contra a vontade de Tomasz, Marlena permite que o filho, fruto de um relacionamento anterior e que está doente, vá morar com eles. Ressentimentos e questões do passado vêm à tona, e o casal precisará redefinir o amor, as escolhas e a vida. Circuito: hoje (sexta), Reserva Cultural 1, 15h.
JUVENTUDE (PRIMAVERA), de Wang Bing: O mestre chinês da narrativa documental geográfica, consagrado com "A Oeste dos Trilhos" (2002), regressou à telona, via Cannes, ao disputar a Palma de Ouro com esta pérola. Sua bússola aponta para Zhili, cidade a 150 km de Xangai. Nesse local, dedicado ao trabalho têxtil, jovens à procura de emprego chegam de diversas áreas rurais para além do rio Yangtze. Eles têm cerca de 20 anos, dividem dormitórios e comem espalhados pelos corredores. Trabalham incansavelmente para um dia conseguir criar um filho, comprar uma casa ou montar a própria oficina. Entre eles, a amizade e os amores, falências e pressões familiares surgem e se desfazem de acordo com as estações do ano. Circuito: hoje (sexta), às 19h10, Cine Satyros Bijou.
FRANGO PARA LINDA!, de Chiara Malta e Sébastien Laudenbach: Taí um aulão de roteiro que rendeu a sua dupla de realizadores os holofotes (e a láurea de Melhor Filme) do Festival de Annecy, na França. Na trama, cheia de reflexões multiculturais, a pequena Linda é injustamente punida pela mãe, Paulette, ao ser acusada de surrupiar um anel cheio de valor afetivo. Boladona com seu gesto, Paulette fará tudo o que estiver ao seu alcance para recompensar a garota. Até um frango com pimenta, apesar de não saber cozinhar. Paulette e a filha então partem em uma jornada por toda a vizinhança para encontrar o ingrediente; mas onde comprar frango durante uma greve geral? Circuito: amanhã (sábado), 13h30, no Espaço Itaú Bourbon Pompeia.
O SONHO DA SULTANA, de Isabel Herguera: Nascida em San Sebastián, no norte da Espanha, em 1961, e consagrada no cenário mundial do cinema de animação com os curtas "Bajo La Almohada" (2012) e "La Gallina Ciega" (2005), a diretora desta pérola feminista fez de sua terra natal o berço para sua estreia em longas-metragens. Sua direção de arte arrebatou o festival anual cidade, encantando representantes da crítica internacional e a classe artística. Saiu de lá com o Prêmio Irizar Basque. Seu tratado feminista parte de um conto sci-fi indiana de 1905 sobre uma nação utópica chamada Ladyland, onde as mulheres estão no Poder. Circuito: amanhã (sábado), 14h, Espaço Itaú Frei Caneca 5.
UMA VIDA DE OURO, de Boubacar Sangaré: Burkina Faso pede passagem na grade da Mostra em grande estilo. Preocupado com os efeitos da mineração sobre a vida de adolescentes que se entregam ao trabalho precocemente, o realizador deste .doc acompanha a rotina de um rapaz de 16 anos em uma mina de 100 metros onde ele se enfia, dia a dia, atrás do sonho de encontrar ouro. Circuito: amanhã (sábado), 16h, Circuito SPCine Olido.
A BATALHA DA RUA MARIA ANTÔNIA, de Vera Egito: O ganhador do troféu Redentor de Melhor Filme do Festival do Rio. Arma-se um teatro de máscaras na trama quando o líder estudantil Benjamim (Caio Horowicz, atômico em sua atuação) aparece no campus da Faculdade de Filosofia da USP para manter seus colegas fora das CNTPs. Ele agita sua turma e outras em meio a uma batalha em outubro do 68. Seus métodos são sedutores, mas, parecem desrespeitar códigos de ética e sentimentos. Benjamin encena um jogo de decapitações com seus companheiros de aula e incomoda, em especial, uma atormentada professora, Leda (Gabriela Carneiro da Cunha, espetacular). Circuito: domingo, Reserva Cultural 1, 17h40.
