Aos 75 anos e coberta de glórias, Alcione volta o olhar e a voz potente para os 50 anos de uma vitoriosa carreira na música brasileira. E um dos momentos mais emocionantes dessa incrível trajetória foi a apresentação da cantora e multi-instrumentista no palco do Theatro Municipal em 5 de fevereiro do ano passado para a gravação de DVD, que será lançado no fim do ano. Este show, que abriu a turnê de celebração da data pelo país, é a matéria-prima do álbum "Alcione - 50 Anos ao Vivo", lançado na última sexta-feira (27) em parceria de seu selo, Marrom Music, com a gravadora Biscoito Fino. A íntegra dessa histórica apresentação pode ser vista até este domingo (29) no canal da Biscoito Fino no YouTube.
No álbum, a artista volta ao começo de tudo interpretando duas músicas de Reginaldo Bessa com o então debutante Nei Lopes, "Figa de Guiné" e "Tem Dendê", agregadas em medley. Como não poderia deixar de ser, o repertório do show precisava contemplar a plêiade de sucessos da cantora. Por isso, 65 canções foram agrupadas em 30 números musicais que destacam seu timbre personalíssimo, um vozeirão contagiante, aquele carisma das grandes divas e uma presença de palco marcante mesmo tendo ela gravado o show sentada por conta de uma pinçada no nervo ciático na ocasião.
Durante o emocionante show, Alcione contou com algumas participações especiais além da Banda do Sol que a acompanha por décadas. Integrantes da Orquestra Sinfônica Maré do Amanhã, dançarinos da Academia Marcello Chocolate e Sheila Aquino e da Cia. Cenarte Dimensões; além do casal de mestre-sala e porta-bandeira de sua escola de coração, a Estação Primeira de Mangueira.
Quando se trata da Marrom, os números são, na verdade, ordem de grandeza: 50 anos de carreira, mais de 40 álbuns lançados e mais de 8 milhões de discos vendidos pelo mundo. Já se apresentou em mais de 30 países, cantando seus sucessos, que vão dos sambas às canções românticas. São 26 Discos de Ouro, sete de Platina, sendo dois de Platina Duplo, três DVDs de Ouro e um DVD de Platina.
Vencedora de um Grammy Latino, possui em sua galeria pessoal mais de 350 troféus, títulos e honrarias nacionais e internacionais que poucos artistas conseguiram obter ao longo de suas carreiras, como por exemplo: O Pensador de Marfim (concedido pelo governo de Angola); Personalidade Negra das Artes (concedido pelo Conselho Internacional de Mulheres); e A Voz da América Latina (concedido pela ONU). Foi a grande homenageada do Prêmio da Musica Brasileira em maio passado e será enredo de sua amada Mangueira no Carnaval 2024.
Ao lado das saudosas sambistas Beth Carvalho (1946-2019) e Clara Nunes (1942-1983), Alcione é celebrada como uma das rainhas genuínas do gênero. Juntas, foram chamadas de ABC do Samba.
Por essas e outras, quem aprecia a música popular tem encontro marcado com essa imensa artista em seu mais novo trabalho que conta uma história de sucesso construída com muito trabalho e norteada por um amor extremo pela música. "Cantar é ofício e paixão. E só tenho a agradecer àqueles que me auxiliaram, conduziram-me até aqui. Agradeço, principalmente, aos fãs. Sem eles não existiriam artistas", comenta Alcione, patrimônio vivo da nossa canção popular.
