Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Guadalupe é do povo, como o céu é do avião

Caetano e banda tocam canções do repertório de 'Meu Coco' no show gratuito que marcou a estreia da Areninha Cultural Terra, em Guadalupe | Foto: Divulgação/SMC

12 de dezembro de 2023, no Dia de Nossa Senhora de Guadalupe, Caetano Veloso soltou a voz no show gratuito que marcou a inauguração da Areninha Cultural Terra, em Guadalupe, na Zona Norte, com direito a banda no palco e aplausos calorosos mais de 700 pessoas.

Podem as pessoas se perguntar porque Caetano, mas a resposta está com sua prima Carla. Houve um momento em que Caetano deixou sua Santo Amaro por um ano e viveu no bairro entre 1956 e 1957. Carla estava na entrada do camarim, com uma foto de 1960 do primo aos 18 anos, de terno, quando ainda não era famoso. Mas na dedicatória de sua mãe para Dona Canô está lá: o seu filho "cantor". Mais tarde no show, Caetano disse que se sente nascido no Rio, pois foi nesse ano, na sua puberdade, que nasce para vida.

Caetano é figura fácil no Porto da Barra, já foi ao Circo Voador assistir a Orquestra Imperial de seu filho Moreno... Encontrei-o de noite no Baixo Leblon e ainda, em uma entrevista, após sua palestra sobre Tarsila Amaral no Moma de Nova York.

O show na Areninha Terra foi um momento único de pura carioquice. Ao longo da noite, Caetano revisitou as canções da sua mais nova turnê, "Meu Coco", ao som do baticum dos percussionistas Kainã do Jêje, Pretinho da Serrinha e Thiago da Serrinha, orquestrado sob a direção musical de Lucas Nunes (guitarra e violão) e Pretinho.

"Meu Coco" é baseada no álbum homônimo de outubro de 2021 - o primeiro disco de músicas inéditas do cantor desde "Abraçaço" (2012) - e, tal como o álbum, segue por 26 composições, passando por "Itapuã" (1991), "Anjos tronchos" (2021), "Baby" (1968), "Sampa" (1978) e "Cajuína" (1979). Caetano coroou os moradores de Guadalupe com "Lua de São Jorge" (1979), antes do bis com "Mansidão", a dançante "Odara" (1977) e a derradeira "Noite de Cristal" (1988).

A presença de Caetano faz parte do programa "Cultura de Amanhã da Secretaria Municipal de Cultura do Rio (SMC) que está transformando todas as suas lonas em areninhas. que destina, ao todo, R$ 75 milhões para modernização de mais de 20 equipamentos mantidos pela pasta. Outras três já foram entregues: Herbert Vianna, na Maré; Sandra Sá, em Santa Cruz, e João Bosco, em Vista Alegre. Em 2024, será a vez das Lonas Carlos Zéfiro, em Anchieta, e Jacob do Bandolim, em Jacarepaguá.

Na prática, a transformação significa a substituição das antigas lonas por uma estrutura fixa com isolamento acústico, climatização, além de outras melhorias, para garantir mais qualidade e conforto tanto para o público quanto para os artistas. A estrutura de areninha inclui todos os requisitos de acessibilidade e prevenção de incêndio.

As areninhas não são espaços apenas para usufruir, mas produzir cultura. Estão aptas a receber espetáculos musicais e teatrais, mas também servem como "celeiros de cultura", como destacou o secretário Marcelo Calero.

 

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