Grupo vocal Clarianas mergulha no território da ancestralidade afrobrasileira com 'Xiré'
Cantadeiras urbanas saúdam os orixás e exploram canções ritualísticas das línguas caboclas, portuguesas e iorubás
Somando à sonoridade que vem unindo ancestralidade e contemporaneidade, o coletivo musical-teatral Clarianas retorna com seu terceiro álbum de estúdio, "Xirê". O projeto oferece uma reinterpretação de pontos e orins, trazendo um olhar único para as interseções sonoras do Brasil e da mãe África.
O grupo de cantadeiras urbanas baseado na Grande São Paulo e liderado por Naruna Costa, Martinha Soares e Naloana Lima investiga a voz da mulher ancestral na música popular do Brasil. O grupo conta ainda com a participação dos musicistas Carla Raiza, Jackie Cunha, Mauricio Badé e Augusto Iuna.
"Nosso novo álbum inaugura o primeiro disco do grupo com canções não autorais, voltadas aos Orixás. Uma seleção de sete faixas que formam um repertório de releituras de orins - canções ritualísticas das línguas caboclas e yorubá, com um tratado de linguagem erudita. Trazemos nossas vozes unidas ao arranjo sofisticado do Giovani Di Ganzá, que une tambores às cordas da viola caipira, violino, baixo e rabeca. Um disco cheio de axé!", comemora Naruna.
Em "Xirê", Clarianas explora as canções ritualísticas das línguas caboclas, portuguesas e iorubás, esta última sendo uma língua do oeste africano falada na região do Golfo de Benin. As músicas apresentadas no trabalho são parte integrante da pesquisa realizada por Mário de Andrade, arquivadas no Folclore da Discoteca Municipal do Estado de São Paulo. A iniciativa revitaliza as preciosas tradições musicais que formam a base da identidade cultural brasileira.
O grupo tem em sua formação três núcleos distintos. O trio vocal lidera com suas vozes, enquanto as cordas, incluindo viola caipira, baixo elétrico, violino e rabeca, adicionam uma dimensão climática à música. Este formato de trio é uma homenagem às tradições musicais africanas, onde a presença de três berimbaus em rodas de capoeira e três atabaques em rituais de terreiros é comum, simbolizando a conexão espiritual e musical.