Por: Affonso Nunes

Uma obra-prima vitaminada

'Band on the Run', um dos mais célebres álbuns de Paul McCartney, é relançado em versão sem overdubs | Foto: Divulgação

Cinquenta anos após o lançamento original, o clássico "Band on the Run", de Paul McCartney & Wings, ganha uma edição ampliada. A novidade chega ao mercado no próximo dia 2.

"Band on the Run" é um disco superlativo, um dos grandes êxitos da carreira solo de Macca após o fuim dos Beatles. Presente nas listas dos melhores álbuns de todos os tempos há décadas, o álbum acumula vários prêmios. Lançado originalmente em dezembro de 1973, o disco reúne canções imortais, com destaque para a magnética faixa-título; a pulsante "Jet"; a melancólica "Bluebird"; "Let Me Roll It", tocada por Paul com frequência em seus shows; a vanguardista "Picasso's Last Words (Drink to Me)"; e o encerramento climático "Nineteen Hundred and Eighty Five". É, sem dúvida, o lançamento mais bem-sucedido e celebrado do Wings, banda que acompanhou Paul de 1971 e 1981 e teve várias formações. A primeira delas reunia Paul (vocal, baixo e piano), Linda McCartney (vocal e teclado), Denny Laine (vocal, guitarra) e Denny Seiwell (bateria).

Falando sobre a versão sem overdubs (empilhamento de camadas de aúdio), Paul destaca que "este é o 'Band on the Run' de um jeito que você nunca ouviu antes". "Quando você está fazendo uma música e coloca partes adicionais, como uma guitarra extra, isso é um overdub. Bem, esta versão do álbum é o oposto, underdubbed".

Disponível digitalmente, "Band on the Run (Underdubbed)" apresenta as nove músicas clássicas de "Band on the Run" pela primeira vez sem nenhum overdub orquestral. As mixagens "cruas" inéditas foram criadas por Geoff Emerick, com assistência de Pete Swettenham, no AIR Studios, em 14 de outubro de 1973. A lista de faixas, recém-ordenada, abaixo, reflete as fitas analógicas originais descobertas nos arquivos da McCartney Productions Ltd. (MPL), a empresa que trata dos interesses comerciais do músico.

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'Este é o 'Band on the Run' de um jeito que você nunca ouviu antes'

Imagem de Paul e Linda McCartney e Danny Laine (à direita) e demais integrantes do Eings numa de suas formações na década de 1970 | Foto: Reprodução

Dos incontáveis álbuns clássicos que Paul McCartney lançou ao longo de sua ilustre carreira "Band on the Run", dos Wings, ocupa um lugar de especial estima. O álbum consolidou o status dos Wings como formatadores do rock'n'roll dos anos 70.

Como trilha sonora de uma década moldada pela programação das rádios rock, "Band on the Run" estabeleceria o padrão não apenas para os futuros esforços de Paul, mas também para gerações de estrelas do chamado rock de arena.

Exatamente 50 anos após seu lançamento, "Band on the Run" soa vibrante e relevante como há 50 anos, confirmando que Macca é uma das personalidades musicais do século 20 e que segue com sua relevância artística no novo milênio.

No verão de 1973, Paul tinha um novo lote de músicas destinadas a um novo álbum. Ao examinar uma lista de estúdios internacionais da EMI, ele escolheu Lagos, na Nigéria, como local de gravação, ficando encantado com a ideia de gravar na África.

Poucos dias antes da partida, o guitarrista Henry McCullough e o baterista Denny Seiwell deixaram a banda. Os Wings passaram a ser, de repente, um trio. Paul, sua esposa Linda e o membro da banda Denny Laine (juntamente com o engenheiro de gravação Geoff Emerick) trabalharam nas condições relativamente rudimentares do estúdio em Lagos, elaborando as novas músicas durante dois meses.

Como desgraça pouca é bobagem, um desastre aconteceu em uma noite em que Paul e Linda foram assaltados sob a mira de uma faca enquanto voltavam da casa de um amigo. Os ladrões fugiram com uma fita cassete com gravações caseiras de demonstração das músicas. Por sorte, Paul conseguiu se lembrar das músicas como se as tivesse escrito recentemente.

Conhecida por sua estrutura em três movimentos distintos, semelhante a uma suíte, a faixa-título "Band on the Run" não foi um sucesso pop óbvio, mas alcançou o topo da Billboard Hot 100 dos Estados Unidos e impulsionou o álbum principal de volta às paradas, alcançando o topo das paradas de sucesso nos Estados Unidos e no Reino Unido, retornando ao topo mais duas vezes nos Estados Unidos e tornando-se o álbum de estúdio mais vendido de 1974 na Austrália, no Canadá e no Reino Unido.

"Band on the Run" só fez crescer em estatura ao longo dos anos. Depois de ganhar dois prêmios Grammy em 1975, a edição Deluxe do álbum recebeu um terceiro prêmio em 2012, seguido pela inclusão no Hall da Fama do Grammy Awards em 2013.

O trabalho é considerado o álbum definitivo do Wings e, à medida que as novas gerações descobrem sua genialidade, renova-se como um dos favoritos dos fãs. Um exemplo concreto dessa vitalidade é que demorou até 2010 para que a faixa "Nineteen Hundred and Eighty Five" fosse tocada ao vivo, mas agora, como a carreira solo de Paul continua inabalável, a faixa é presença regular em seus shows do ex-beatle.

O Wings durou dez anos e terminou motivado pela saída da Danny Laine da banda. O guitarrista não se conformou com o receio de Paul em fazer concertos ao vivo após o assassinato de John Lennon no fim de 1980.

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