Por: Affonso Nunes

Lobão e os 50 anos de uma vida errante. E de rock

Autor de incontáveis sucessos entre 1980 e 1990, Lobão celebra os 50 anos do clássico 'Vida Bandida' com show no Circo Voador, palco que ele chama de 'segunda casa' | Foto: Divulgação

Nas telas de cinema é possível assistir o revigorante "Aumenta que é Rock and Roll!", de Tomás Portella, que conta a aventura da Rádio Fluminense FM, uma quixotesca emissora de Niterói que ousou chegar ao segundo lugar em audiência no Rio com uma programação "maldita" de 100% rock. Uma rádio que criou tendências e trouxe à tona uma geração inteira de artistas e bandas com atitude e contestação. E um dos expoentes musicais desta geração é João Luiz Woerdenbag Filho, o Lobão, que neste sábado (11) comemora no Circo Voador os 50 anos de "Vida Bandida", seu álbum mais significativo.

Artistas não são perfeitos e também cometem seus equívocos, mas o (sempre) polêmico Lobão mostrou disposição em reescrever sua história, fazer as pazes consigo mesmo, e se concentrar em seu talento.

E Lobão está de volta ao palco que considera sua segunda casa pra passar a limpo cinco décadas de rock e vida bandida. Acompanhado de Guto Passos (baixo e vocal) e Armando Cardoso (bateria), o músico destrincha todos os períodos da carreira, desde a lendária Vímana, passando pela Blitz e todos os seus discos solos. Na abertura, Lobão recebe Arnaldo Brandão e o DJ set fica nas mãos de José Roberto Mahr.

Lobão iniciou a carreira nos anos 70, e, com apenas 17 anos, entrou na banda Vímana, ao lado de músicos como os futuros astros pop Lulu Santos e Ritchie e o tecladista Patrick Moraz, que havia integrado o Yes, ícone do rock progressivo. No final daquela década, integrou a banda de apoio da cantora Marina e fez parte dos primórdios da banda Blitz, uma das mais bem sucedidas dos anos 1980.

E foi na mesma década que ele também deu início a sua carreira solo. Álbuns como "Cena de Cinema" (1982), "Ronaldo Foi pra Guerra" (1984) e "O Rock Errou" (1985) entregaram sucessos como "O Homem-Baile", "Me Chama" e "Revanche", entre tantos outros. A faixa-título do álbum "Vida Louca Vida" foi outra que estourou nas paradas e nas rádios, sendo posteriormente regravada pelo amigo Cazuza.

Em 1990, fez show no Hollywood Rock, considerado a melhor apresentação pelo público. Nos anos seguintes, lançou "Nostalgia da Modernidade", "Noite" e "A Vida é Doce" (1999), que inovou ao ser distribuído por meio de bancas de jornais, enfrentando as grandes gravadoras. E a façanha se repetiu com "2001: Uma Odisseia no Universo Paralelo" (2001). Em 2007, lançou o "Acústico MTV", que levou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock do Brasil.

Em trabalhos mais recentes, Lobão passou a dar vazão a um lado intérprete. Em 2018, lançou o álbum "Antologia Politicamente Incorreta dos Anos 80 pelo Rock" e a partir de 2021 começou a lançar singles com releituras inventivas para grandes temas do rock e da MPB, com destaque para "Canalha" (Walter Carvalho), "Azul da Cor do Mar" (Tim Maia), "Mother" (John Lennon), "While My Guitar Gently Weeps" (Beatles), "Imigrant Song" (Led Zeppelin), "Samba do Avião" (Tom Jobim) e "Tarde em Itapoã (Toquinho & Vinicius), entre outros. O mais recente single desse projeto é "Expresso 222" (Gilberto Gil), lançado em março, sendo o mais recente deles

Nesses 50 anos de estrada, lançou incontáveis discos, ousou, confrontou e inovou em diversas maneiras o cenário musical e a indústria que o cerca. Um artista multifacetado e singular.

SERVIÇO

LOBÃO | 50 ANOS DE VIDA BANDIDA

Circo Voador (Rua dos Arcos s/nº)

11/5, a partir das 20h

R$ 200 e

R$ 100 (meia)