Especialista em música brasileira e americana, o jornalista e escritor Ruy Castro estreia neste domingo, às 21h, na Rádio MEC o programa "Conexão Brasil-Estados Unidos", uma série de seis episódios que vai revelar a estreita relação entre a música dos dois países dos anos 1930 até os dias de hoje.
Ao longo de um ano, o jornalista produzirá um total de 26 crônicas inéditas e 26 programas de 55 minutos cada, divididos em séries diversas com transmissão na Rádio MEC. "'Conexão Brasil-Estados Unidos' é a primeira de uma série de colaborações que voltamos a fazer para a MEC. Brasil e Estados Unidos produziram a melhor música popular do século XX e é inevitável que essa produção musical dos dois países tenha grandes conexões, e conexões surpreendentes que os ouvintes da emissora vão conferir nos seis episódios do programa", destaca o autor.
Em "Conexão Brasil-Estados Unidos", Ruy Castro apresenta as canções americanas gravadas por brasileiros, e vice-versa, em quase um século. A cada semana, um episódio inédito visita um período e os gêneros musicais de maior destaque nesta relação entre Brasil e Estados Unidos: "Boogie Woogie nos Trópicos", "Brasil - versão América", "Rock'n'roll em Copacabana", "Aquarelas do Brasil", "Serenatas ao Luar" e "A bossa eterna".
Durante o primeiro episódio "Boogie Woogie nos Trópicos", a série radiofônica mostra que nas décadas de 1930 e 1940 a presença da música norte-americana no Brasil era muito forte. Essa influência podia ser notada não apenas com versões de músicas americanas em português, como também pelos ritmos que faziam sucesso no país, como o fox, o foxtrote e o boogie woogie.
Ao longo do programa, Ruy Castro destaca canções norte-americanas conhecidas, interpretadas com letras em português por nomes como Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Sylvio Caldas e Carmen Miranda. Naquele período, quando surgia uma música americana de sucesso, os compositores brasileiros logo aproveitavam a melodia e faziam uma letra em português.
É o caso do jornalista e compositor Haroldo Barbosa, que na época trabalhava na Rádio Nacional. O episódio revela que uma das habilidades do radialista era fazer versões de músicas americanas, principalmente para Francisco Alves. Haroldo Barbosa dominava o inglês e estava sempre interessado em conferir o que estava estourando nos Estados Unidos.
Na edição de estreia, os ouvintes conferem o foxtrote "Quantas são" (título original "Jingle, jangle, jingle"), de Joseph Lillev, Frank Loesser e Haroldo Barbosa, sucesso interpretado por Chico Alves acompanhado de As Três Marias. O conjunto vocal As Três Marias também foi uma criação de Haroldo, em 1942, na Rádio Nacional.
Castro iniciou sua trajetória profissional no Correio da Manhã como repórter em 1967 e atuou nos principais veículos da imprensa carioca e paulistana. Em 1988, passou a se dedicar aos livros e fez sua estreia como autor em 1990, com "Chega de saudade: a história e as histórias da bossa nova".
É autor de biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda, reconstituições históricas sobre a bossa nova, o samba-canção e o Rio de Janeiro dos anos 1920, além de romances e obras sobre cinema e literatura. Como cronista colabora semanalmente com o Correio da Manhã e outros jornais pelo Brasil.