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Nando Reis caminha na contramão

Nando Reis posa para fotos durante a coletiva de lançamento do álbum triplo 'Uma Estrela Misteriosa' | Foto: Divulgação

Nesses tempos de streamings e uma quantidade simplesmente incontável de singles lançados a cada semana, Nando Reis caminha pela conntramão. E feliz. O cantor e compositor acaba de lançar de uma vez quatro novos álbuns. Trata-se do triplo "Uma Estrela Misteriosa" e um disco bônus, também de canções inéditas, que estará disponível apenas como extra de um box especial em vinil. Quem comprar o box físico, em LPs, terá acesso a todas as músicas no mesmo momento.

Quem optar por ouvir os trabalhos nas plataformas de áudio terá de esperar um pouco mais. Isso porque a divulgação no formato digital será feita em etapas, ao longo de dois meses.

A produção conta com a participação de renomados músicos internacionais. Entre eles estão Peter Buck (R.E.M), Barrett Martin (Screaming Trees), Duff McKagan (Guns N' Roses), Krist Novoselic (Nirvana), Mike McCready e Matt Cameron (Pearl Jam).

"Uma Estrela Misteriosa" realmente de forma despretensiosa. Em princípio, Nando e sua banda se reuniram num estúdio para a gravação de duas músicas inéditas para o programa "Singing Earth", idealizado por Barrett. "Fomos tão bem que acabamos gravando dez músicas. Nesse meio tempo, ele escreveu outras dez. Apesar de não termos planejado, quando nos demos conta, estávamos gravando um álbum. Foi tudo muito rápido e natural", conta Martin.

"Sempre que me perguntam qual é a minha profissão, respondo: 'Sou um fazedor de discos'; é o que mais gosto de fazer'. O disco contém tudo: a criação em forma de composição e arranjo, a aplicação do que me formou e a semente para o que virá. 'Uma Estrela Misteriosa' é como um auto-retrato que vai da memória ao sonho, da realidade à utopia. Eu, vezes eu, somado a todos que estão ao meu redor", disse Nando na coletiva de imprensa do lançamento deste ambicioso trabalho.

"Esse disco foi feito em três etapas e eu tive um surto de inspiração. Eu passava oito horas no estúdio, e chegava em casa não conseguia descansar, queria produzir mais", recorda o ex-titã, que mostrou-se muito feliz com o resultado.

Ele define esse novo trabalho como "o mais ambicioso de sua carreira até então", porque trata-se de um projeto colaborativo, inclusivo, sustentável e descentralizado. "Estou na minha melhor fase de vida e profissional. A forma como eu encaro a minha profissão é buscando um equilíbrio. Eu faço muita coisa. Eu faço, felizmente, o que eu gosto. Mas para fazer o que eu gosto, eu faço muita coisa que não é exatamente o que eu gosto. Mas para fazer o que eu gosto, eu faço muita coisa que não é exatamente o que eu gosto. Eu tenho que lidar com a realidade. Eu jogo o jogo", completa.

 

'Trinta músicas fizeram sucesso. E as outras?'

Além do novo trabalho, Nando anunciou turnê nacional com 12 datas | Foto: Divulgação

Nando Reis já escreveu mais de 600 composições, ultrapassou a marca de 1.200 músicas gravadas, possui mais de 10 discos lançados em sua carreira solo e outros 13 como integrante dos Titãs. "Dizem que eu sou hitmaker, 30 músicas fizeram sucesso, e as outras 570? São coisas muito melhores até das que fizeram sucesso, ou igualmente boas, ou que certamente coisas que eu gosto muito", comenta o cantor e compositor.

Na coletiva, o músico disse ainda não ter perdido criatividade após deixar de usar drogas e afirmou que está há quase sete anos sem usar álcool e outras substâncias. "Álcool, drogas, eles não tem nada a ver com criatividade. Eu usei para me desinibir, porque a essa minha autocrítica é muito severa, e muitas vezes paralisante. Nunca publiquei nada que eu não tivesse checado 2, 3, 4, 5 vezes sóbrio porque é fácil se iludir."

Ao explicar o motico de lançar um álbum, Nando triplo mais um disco bônus em tempos que os singles dominam o mercado, Nando apresenta os seus motivos: "Eu tenho uma certa relutância, um certo incômodo dessa super fragmentação, dessa super pulverização, das pílulas, do skip [termo derivado do inglês usado para definir o ato de pular faixa], da era digital", explica o artista sobre as novas tendências de consumo de música. "Eu não sou assim e tenho essa ambição de botar um calhamaço na mesa e ir contra a maré."

Nando Reis anunciou, ainda, uma turnê nacional de 24 datas, de setembro a dezembro deste ano. Começa em Macapá, onde o show será gratuito e realizado na Fortaleza de São José, e passa por São Paulo, em 12 de outubro, no Espaço Unimed, e pelo Rio em 30 de novembro, na Farmasi Arena.

Sobre a escolha do setlist do show, o músico disse que fará um mix entre seus clássicos e inéditas. "Não vou fazer num show só com música inédita porque eu não sou louco, eu quero que as pessoas saiam satisfeitas do show e vou, mas vou tentar ter 60% de música nova, alguma coisa assim, mas, para que eu possa fazer isso, eu preciso tocar em espaços adequados, embora eu vá fazer a insanidade de estrear minha turnê em praça pública no Macapá. Então, o pessoal do Macapá vai ouvir um monte de hits e novidades, inclusive, 'Macapá', e vão se divertir", garante.