Sérgio Cabral, o jornalista que deu voz ao samba

Conheça mais da trajetória do pioneiro nas entrevistas com os grandes bambas na imprensa brasileira

Por Álvaro Costa e Silva (Folhapress)

Figura querida no mundo do samba, Sérgio Cabral é reverenciado por Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Martnália, Nelson Sargento, Diogo Nogueira e outros sambistas em seu aniversário de 80 anos

Em 1959, o Jornal do Brasil estava na moda. Mais do que um jornal, era uma referência e uma tendência que viria a ser copiada por outros veículos, na esteira da reforma implantada por Odylo Costa, filho, Jânio de Freitas, Amílcar de Castro, Reynaldo Jardim, entre outros. Todo jornalista sonhava em trabalhar na sede da avenida Rio Branco, 110. Com 22 anos, Sérgio Cabral era um deles. Tanto fez, tanto insistiu, que conseguiu, tornando seu nome conhecido.

No Caderno B, o suplemento de cultura e variedades, começou a fazer, a partir de 1961, uma página semanal sobre música popular brasileira trazendo longas entrevistas com os pioneiros do samba. Nunca as páginas do Jornal do Brasil, uma publicação conservadora e ligada à tradição católica, havia estampado tantas fotos de pretos e mulatos: Ismael Silva, Bide, Carlos Cachaça, Cartola, Bucy Moreira, Alvarenga, Alvaiade, Aniceto.

A condessa Pereira Carneiro, dona do jornal, o apoiava. Ao encontrá-lo na redação, perguntou: "Mas você é o Sérgio Cabral? Tão novo...", e lhe deu um abraço e um beijo.

O trabalho no JB se transformou no primeiro livro do jornalista, publicado em 1974: "As Escolas de Samba: O Quê, Quem, Como, Quando e Por Quê", relançado e ampliado em 1996, com o título de "As Escolas de Samba do Rio de Janeiro". É a obra mais importante de Sérgio Cabral, que oferece ao leitor acesso não só às origens e ao desenvolvimento das escolas, mas sobretudo ao conhecimento das figuras que, driblando a adversidade e a perseguição da polícia, fizeram possível o espetáculo dos desfiles.