Adriana Calcanhotto: 'Se eu não tocar violão, eu não componho'
Cantora e compositora abre temporada do show intimista 'Ultramar' no Blue Note Rio em agosto e diz que canção brasileira mudou
São significativas as turnês em voz e violão de Adriana Calcanhotto. Em geral, essas apresentações ocorrem entre um projeto discográfico e outro, delimitando as diversas fases da obra da cantora e compositora gaúcha, sempre orientada por um desejo de subtração formal no processo criativo.
Do mesmo modo, o formato ressalta a musicalidade singular da artista, em um gesto de despojamento de todas as forças da cena que não repousem na sua presença. Mas agora será diferente. Em meio a turnê do álbum "Errante", Adriana elaborou um show inédito, nomeado "Ultramar", a ser apresentado, durante o mês de agosto, nas sedes do Blue Note, no Rio e em São Paulo.
Nele, a compositora mostrará aos brasileiros a canção "Todo Sentido", até então uma exclusividade da edição japonesa de seu último trabalho. "Pensei que seria um fiasco voltar a pegar no violão, mas eu gostei muito de tocar", diz ela. "A verdade é que foi ótimo o convite. Se eu não tocar violão, eu não componho." Se a simplicidade norteou a construção de suas canções, a ironia sempre representou uma possibilidade de leitura à sua obra.
Seu canto desdramatizado é, em potencial, um comentário irônico às letras trágicas. Loiríssima, Adriana surgiu no cenário musical, nos anos 1990, satirizando segmentos da sociedade brasileira, com um humor que se manifestava por meio da paródia e da autoderrisão. Continua na página seguinte